PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS FLUCONAL
O fluconazol , membro da classe dos agentes antifúngicos triazólicos, é um inibidor potente e
específico da síntese fúngica1 de esteróides.
A administração oral de fluconazol demonstrou atividade numa variedade de modelos animais
com infecção2 fúngica1. Foi demonstrada atividade contra micoses oportunistas, como infecções3 por
Candida spp., incluindo candidíase4 sistêmica em animais imunocomprometidos; com
Cryptococcus neoformans, incluindo infecções3 intracranianas; com Microsporum spp. e com
Trichophyton spp. O fluconazol mostrou atividade em modelos animais contra micoses
endêmicas, incluindo infecções3 com Blastomyces dermatitides, com Coccidioides immitis;
incluindo infecções3 intracranianas e com Histoplasma capsulatum em animais normais ou
imunodeprimidos. Foram relatados casos de superinfecção5 por outras espécies de Cândida que
não C. albicans, as quais muitas vezes não são suscetíveis ao fluconazol (por exemplo, Candida
krusei). Esses casos podem requerer terapia antifúngica alternativa.
O fluconazol é altamente específico para as enzimas dependentes do citocromo fúngico6 P450.
Uma dose diária de 50 mg de fluconazol por até 28 dias demonstrou não afetar as concentrações
plasmáticas de testosterona nos homens ou as concentrações de esteróides nas mulheres em
idade reprodutiva.
O fluconazol em doses de 200 a 400 mg diários não afeta de modo clinicamente significante os
níveis esteroidais endógenos ou a resposta estimulada do hormônio7 adrenocorticotrófico (ACTH)
em voluntários sadios do sexo masculino. Estudos de interação com antipirina indicaram que o
fluconazol em dose única ou doses múltiplas de 50 mg não afeta o metabolismo8 da mesma.
- PROPRIEDADES FARMACOCINÉTICAS
Após administração oral, o fluconazol é bem absorvido e os níveis plasmáticos e de
biodisponibilidade sistêmica estão acima de 90% dos níveis obtidos após administração
intravenosa. A absorção oral não é afetada pela ingestão concomitante de alimentos. Em jejum,
os picos de concentração plasmática ocorrem entre 0,5 e 1,5 hora após a dose, com meia-vida de
eliminação plasmática de aproximadamente 30 horas. As concentrações plasmáticas são
proporcionais à dose. Após 4-5 dias com doses únicas diárias, são alcançados 90% dos níveis de
equilíbrio (steady state). A administração de uma dose maciça (no primeiro dia) equivalente ao
dobro da dose usual diária atinge níveis plasmáticos de aproximadamente 90% dos níveis de
equilíbrio (steady state) no segundo dia. O volume aparente de distribuição aproxima-se do
volume total corpóreo de água. A ligação às proteínas9 plasmáticas é baixa (11-12%). O fluconazol
apresenta boa penetração em todos os fluidos corpóreos estudados. Os níveis de fluconazol na
saliva e escarro são semelhantes aos níveis plasmáticos. Em pacientes com meningite10 fúngica1 os
níveis de fluconazol no líquor11 são aproximadamente 80% dos níveis plasmáticos
correspondentes. Altas concentrações de fluconazol na pele12, acima das concentrações séricas,
foram obtidas no extrato córneo, derme13, epiderme14 e suor écrino. O fluconazol se acumula no
extrato córneo. Durante o tratamento com dose única diária de 50 mg, a concentração de
fluconazol após 12 dias foi de 73 μg/g e 7 dias depois do término do tratamento a concentração foi
de 5,8 μg/g. Em tratamento com dose única semanal de 150 mg, a concentração de fluconazol no
extrato córneo no 7º dia foi de 23,4 μg/g e 7 dias após a segunda dose, a concentração ainda era
de 7,1 μg/g. A concentração de fluconazol nas unhas15 após 4 meses de dose única semanal de
150 mg foi de 4,05 μg/g em unhas15 saudáveis e de 1,8 μg/g em unhas15 infectadas e o fluconazol
ainda era detectável em amostras de unhas15 6 meses após o término do tratamento. A principal via
de eliminação é a renal16, onde cerca de 80% da dose administrada encontra-se na forma
inalterada. O clearance do fluconazol é proporcional ao clearance da creatinina17. Não há evidência
de metabólitos18 circulantes. A meia-vida longa de eliminação plasmática serve de suporte para a
terapia de dose única em candidíase4 vaginal e de dose única diária/semanal para outras
indicações.
Farmacocinética em Idosos
Foi realizado estudo farmacocinético em indivíduos ≥65 anos de idade, recebendo dose única oral
de 50 mg de fluconazol, e com um grupo que recebeu diurético19 concomitantemente. A coadministração
de diuréticos20 não alterou significativamente a ASC ou a Cmáx do fluconazol. Além
disso, o clearance de creatinina17 (74 mL/min), a porcentagem de fármaco21 inalterado recuperado na
urina22 (0-24 hs, 22%) e o clearance renal16 de fluconazol estimado (0,124 mL/min/kg) para os
indivíduos idosos geralmente foram menores do que aqueles encontrados nos voluntários jovens.
Assim, a alteração da disposição do fluconazol em indivíduos idosos parece estar relacionada à
redução da função renal16 característica deste grupo. Um comparativo da meia-vida de eliminação
terminal versus o clearance de creatinina17 de cada indivíduo comparado com a curva prevista de
meia-vida – clearance de creatinina17 derivado de indivíduos normais e indivíduos com variação no
grau de insuficiência renal23 indicaram que 21 de 22 indivíduos caíram dentro da curva prevista de
meia-vida – clearance de creatinina17 (limite de confiança de 95%). Esses resultados são
consistentes com a hipótese de que valores maiores para os parâmetros farmacocinéticos
observados em pacientes idosos comparados aos voluntários jovens normais do sexo masculino
são devido à redução da função renal16, que é esperada nos pacientes idosos.