PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS FLUCONAL

Atualizado em 28/05/2016

O fluconazol , membro da classe dos agentes antifúngicos triazólicos, é um inibidor potente e

específico da síntese fúngica1 de esteróides.

A administração oral de fluconazol demonstrou atividade numa variedade de modelos animais

com infecção2 fúngica1. Foi demonstrada atividade contra micoses oportunistas, como infecções3 por

Candida spp., incluindo candidíase4 sistêmica em animais imunocomprometidos; com

Cryptococcus neoformans, incluindo infecções3 intracranianas; com Microsporum spp. e com

Trichophyton spp. O fluconazol mostrou atividade em modelos animais contra micoses

endêmicas, incluindo infecções3 com Blastomyces dermatitides, com Coccidioides immitis;

incluindo infecções3 intracranianas e com Histoplasma capsulatum em animais normais ou

imunodeprimidos. Foram relatados casos de superinfecção5 por outras espécies de Cândida que

não C. albicans, as quais muitas vezes não são suscetíveis ao fluconazol (por exemplo, Candida
krusei). Esses casos podem requerer terapia antifúngica alternativa.

O fluconazol é altamente específico para as enzimas dependentes do citocromo fúngico6 P450.

Uma dose diária de 50 mg de fluconazol por até 28 dias demonstrou não afetar as concentrações

plasmáticas de testosterona nos homens ou as concentrações de esteróides nas mulheres em

idade reprodutiva.

O fluconazol em doses de 200 a 400 mg diários não afeta de modo clinicamente significante os

níveis esteroidais endógenos ou a resposta estimulada do hormônio7 adrenocorticotrófico (ACTH)

em voluntários sadios do sexo masculino. Estudos de interação com antipirina indicaram que o

fluconazol em dose única ou doses múltiplas de 50 mg não afeta o metabolismo8 da mesma.


- PROPRIEDADES FARMACOCINÉTICAS

Após administração oral, o fluconazol é bem absorvido e os níveis plasmáticos e de

biodisponibilidade sistêmica estão acima de 90% dos níveis obtidos após administração

intravenosa. A absorção oral não é afetada pela ingestão concomitante de alimentos. Em jejum,

os picos de concentração plasmática ocorrem entre 0,5 e 1,5 hora após a dose, com meia-vida de

eliminação plasmática de aproximadamente 30 horas. As concentrações plasmáticas são

proporcionais à dose. Após 4-5 dias com doses únicas diárias, são alcançados 90% dos níveis de

equilíbrio (steady state). A administração de uma dose maciça (no primeiro dia) equivalente ao

dobro da dose usual diária atinge níveis plasmáticos de aproximadamente 90% dos níveis de

equilíbrio (steady state) no segundo dia. O volume aparente de distribuição aproxima-se do

volume total corpóreo de água. A ligação às proteínas9 plasmáticas é baixa (11-12%). O fluconazol

apresenta boa penetração em todos os fluidos corpóreos estudados. Os níveis de fluconazol na

saliva e escarro são semelhantes aos níveis plasmáticos. Em pacientes com meningite10 fúngica1 os

níveis de fluconazol no líquor11 são aproximadamente 80% dos níveis plasmáticos

correspondentes. Altas concentrações de fluconazol na pele12, acima das concentrações séricas,

foram obtidas no extrato córneo, derme13, epiderme14 e suor écrino. O fluconazol se acumula no

extrato córneo. Durante o tratamento com dose única diária de 50 mg, a concentração de

fluconazol após 12 dias foi de 73 μg/g e 7 dias depois do término do tratamento a concentração foi

de 5,8 μg/g. Em tratamento com dose única semanal de 150 mg, a concentração de fluconazol no

extrato córneo no 7º dia foi de 23,4 μg/g e 7 dias após a segunda dose, a concentração ainda era

de 7,1 μg/g. A concentração de fluconazol nas unhas15 após 4 meses de dose única semanal de

150 mg foi de 4,05 μg/g em unhas15 saudáveis e de 1,8 μg/g em unhas15 infectadas e o fluconazol

ainda era detectável em amostras de unhas15 6 meses após o término do tratamento. A principal via

de eliminação é a renal16, onde cerca de 80% da dose administrada encontra-se na forma

inalterada. O clearance do fluconazol é proporcional ao clearance da creatinina17. Não há evidência

de metabólitos18 circulantes. A meia-vida longa de eliminação plasmática serve de suporte para a

terapia de dose única em candidíase4 vaginal e de dose única diária/semanal para outras

indicações.

Farmacocinética em Idosos

Foi realizado estudo farmacocinético em indivíduos ≥65 anos de idade, recebendo dose única oral

de 50 mg de fluconazol, e com um grupo que recebeu diurético19 concomitantemente. A coadministração

de diuréticos20 não alterou significativamente a ASC ou a Cmáx do fluconazol. Além

disso, o clearance de creatinina17 (74 mL/min), a porcentagem de fármaco21 inalterado recuperado na

urina22 (0-24 hs, 22%) e o clearance renal16 de fluconazol estimado (0,124 mL/min/kg) para os

indivíduos idosos geralmente foram menores do que aqueles encontrados nos voluntários jovens.

Assim, a alteração da disposição do fluconazol em indivíduos idosos parece estar relacionada à

redução da função renal16 característica deste grupo. Um comparativo da meia-vida de eliminação

terminal versus o clearance de creatinina17 de cada indivíduo comparado com a curva prevista de

meia-vida – clearance de creatinina17 derivado de indivíduos normais e indivíduos com variação no

grau de insuficiência renal23 indicaram que 21 de 22 indivíduos caíram dentro da curva prevista de

meia-vida – clearance de creatinina17 (limite de confiança de 95%). Esses resultados são

consistentes com a hipótese de que valores maiores para os parâmetros farmacocinéticos

observados em pacientes idosos comparados aos voluntários jovens normais do sexo masculino

são devido à redução da função renal16, que é esperada nos pacientes idosos.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Fúngica: Relativa à ou produzida por fungo.
2 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
3 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
4 Candidíase: É o nome da infecção produzida pela Candida albicans, um fungo que produz doença em mucosas, na pele ou em órgãos profundos (candidíase sistêmica).As infecções profundas podem ser mais freqüentes em pessoas com deficiência no sistema imunológico (pacientes com câncer, SIDA, etc.).
5 Superinfecção: Geralmente ocorre quando os antibióticos alteram o equilíbrio do organismo, permitindo o crescimento de agentes oportunistas, como os enterococos. A superinfecção pode ser muito difícil de tratar, porque é necessário optar por antibióticos eficazes contra todos os agentes que podem causá-la.
6 Fúngico: Relativo à ou produzido por fungo.
7 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
8 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
9 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
10 Meningite: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
11 Líquor: Líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor ou fluido cérebro espinhal, é definido como um fluido corporal estéril, incolor, encontrado no espaço subaracnoideo no cérebro e na medula espinhal (entre as meninges aracnoide e pia-máter). Caracteriza-se por ser uma solução salina pura, com baixo teor de proteínas e células, atuando como um amortecedor para o córtex cerebral e a medula espinhal. Possui também a função de fornecer nutrientes para o tecido nervoso e remover resíduos metabólicos do mesmo. É sintetizado pelos plexos coroidais, epitélio ventricular e espaço subaracnoideo em uma taxa de aproximadamente 20 mL/hora. Em recém-nascidos, este líquido é encontrado em um volume que varia entre 10 a 60 mL, enquanto que no adulto fica entre 100 a 150 mL.
12 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
13 Derme: Camada interna das duas principais camadas da pele. A derme é formada por tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, glândulas sebáceas e sudoríparas, nervos, folículos pilosos e outras estruturas. É constituída por uma fina camada superior que é a derme papilar e uma camada mais grossa, mais baixa, que é a derme reticular.
14 Epiderme: Camada superior ou externa das duas camadas principais da pele.
15 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
16 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
17 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
18 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
19 Diurético: Grupo de fármacos que atuam no rim, aumentando o volume e o grau de diluição da urina. Eles depletam os níveis de água e cloreto de sódio sangüíneos. São usados no tratamento da hipertensão arterial, insuficiência renal, insuficiência cardiaca ou cirrose do fígado. Há dois tipos de diuréticos, os que atuam diretamente nos túbulos renais, modificando a sua atividade secretora e absorvente; e aqueles que modificam o conteúdo do filtrado glomerular, dificultando indiretamente a reabsorção da água e sal.
20 Diuréticos: Grupo de fármacos que atuam no rim, aumentando o volume e o grau de diluição da urina. Eles depletam os níveis de água e cloreto de sódio sangüíneos. São usados no tratamento da hipertensão arterial, insuficiência renal, insuficiência cardiaca ou cirrose do fígado. Há dois tipos de diuréticos, os que atuam diretamente nos túbulos renais, modificando a sua atividade secretora e absorvente; e aqueles que modificam o conteúdo do filtrado glomerular, dificultando indiretamente a reabsorção da água e sal.
21 Fármaco: Qualquer produto ou preparado farmacêutico; medicamento.
22 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
23 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.

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