CARACTERÍSTICAS CEFTRIAXONA SÓDICA
Ceftriaxona sódica é um antibiótico cefalosporínico de amplo espectro e ação prolongada.Ceftriaxona ou (6R,7R)-7-(Z)-2-(amino-4-tiazolil)-2-[metoxiimino] acetamido-3-[(2,5-diidro-6- idroxi-2-metil-5-oxo-as-triazin-3-il)tio]metil-8-oxo-5-tia-1-azobiciclo[ 4,2,0]-oct-2-en-2-ácido carboxílico está presente sob a forma de sal dissódico.
Microbiologia
A atividade bactericida de ceftriaxona sódica é devida à inibição da síntese da parede celular. A ceftriaxona sódica in vitro, é ativa contra um amplo espectro de microrgarnismos Gram-positivos e Gram-negativos, sendo altamente estável à maioria das betalactamases, cefalosporinases e penicilinases desses microrganismos.
A ceftriaxona sódica é habitualmente ativa in vitro contra os microrganismos e infecções1 clínicas (vide " INDICAÇÕES" ).
•Aeróbios Gram-Positivos
Staphylococcus aureus (inclusive cepas2 produtoras de penicilinases), Staphylococcus coagulase-negativo, Streptococcus beta-hemolítico (grupo não-A não-B),
Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes (Streptococcus beta hemolítico do grupo A), Streptococcus agalactiae (Streptococcus beta hemolítico do grupo B) e Streptococcus viridans.
OBS.: Os estafilococos meticilina resistentes são resistentes às cefalosporinas, inclusive à ceftriaxona sódica. Em geral, Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium e Listeria monocytogenes são resistentes.
•Aeróbios Gram-negativos
Acinetobacter lwoffi, Acinetobacter anitratus (principalmente Acinetobacter baumanii), Aeromonas hydrophila, Alcaligenes faecalis, Alcaligenes odorans, bactéria3 Alcaligenes-like, Borrelia burgdoferi, Branhamella catarrhalis, Capnocytophaga spp., Citrobacter diversus (incluindo C.i), i*, Escherichia coli, i, i e Enterobacter spp. (outros)*, Haemophillus ducreyi, Haemophillus influenzae, Haemophillus parainfluenzae, Hafnia alvei, Klebsiella oxytoca e Klebsiella pneuymoniae**, Moraxella osloensis, Moraxella spp. (outras) e Moraxella morganii, Neisseria gonorrhoeae, Neisseria meningitidis, Pastereulla multocida, Plesiomonas shigelloides, Proteus mirabilis, Proteus penneri* e Proteus vulgaris, I Providencia spp. e Providencia rettgeri*, Providencia spp. (outras), Salmonella typhi, Salmonella spp. (não tifóide),
Serratia marcescens* e Serratia spp. (outras)*, Shigella spp., Vibrio spp., Yersinia enterocolitica e Yersinia spp. (outras).
* Alguns isolados destas espécies são resistentes à ceftriaxona sódica principalmente devido à produção de betalactamase codificada cromossomicamente.
** Alguns isolados destas espécies são resistentes devido à produção de betalactamase mediada por plasmídio, de espectro ampliado.
Obs.: Muitas cepas2 de microrganismos anteriormente mencionados que apresentam resistência a outros antibióticos, como por exemplo amino e ureidopenicilina, cefalosporinas mais antigas e aminoglicosídeos, são sensíveis à ceftriaxona sódica. Treponema pallidum é sensível à ceftriaxona sódica in vitro e em experimentação animal. Trabalhos clínicos (em andamento) indicam que tanto a sífilis4 primária como a secundária respondem bem ao tratamento com ceftriaxona sódica. Com poucas exceções clínicas, isolados de P. aeruginosa são resistentes à ceftriaxona sódica.
• Microrganismos anaeróbios
Bacterioides spp. (bile5 sensíveis)*, Clostridium spp. (exceto C. difiicile), Fusobacterium nucleatum, Fusobacterium spp. (outros), Gaffkia anaeróbica (anteriormente Peptococcus) e Peptostreptococcus ssp.
Obs.: Muitas cepas2 de Bacteroides spp., produtoras de betalactamases (especialmente B. fragillis) são resistentes. Clostridium difficili é resistente.
* Alguns isolados desta espécie são resistentes à produção de beta-lactamase.
A sensibilidade à ceftriaxona sódica pode ser determinada por meio do teste de difusão com disco ou do teste de difusão com ágar ou caldo, usando técnicas padronizadas para testes de sensibilidade como as recomendadas pelo " National Comittee for Clinical Laboratory Standards" (NCCLS). O NCCLS fornece os seguintes parâmetros para a Ceftriaxona sódica:
-Testes de sensibilidade por diluição: sensível < 8 mg/L; moderadamente sensível 16-32 mg/L, resistentes > 64 mg/L.
-Teste de sensibilidade por difusão usando disco com 30 mcg de ceftriaxona sódica: sensível > 21 mm, moderadamente sensível 20-14 mm, resistente < 13 mm.
Os microrganismos devem ser testados com os discos de ceftriaxona sódica, uma vez que foi demonstrado in vitro que a ceftriaxona sódica é ativa contra certas cepas2 que se mostraram resistentes em discos da classe das cefalosporinas.
Farmacocinética
A ceftriaxona sódica caracteriza-se por uma meia-vida de eliminação extraordinariamente longa de aproximadamente 8 horas, em adultos sadios. As áreas sob as curvas de concentração plasmática pelo tempo, após administração intramuscular e intravenosa são idênticas, ou seja, a biodisponibilidade da ceftriaxona sódica após administração intramuscular é de 100%.
• Absorção
A concentração plasmática depois de dose única de 1 g I.M. é de cerca de 81 mg/L e é alcançado em 2 - 3 horas após a administração. A área sob a curva de concentração plasmática após administração intramuscular é equivalente à intravenosa, indicando a biodisponibilidade de 100 % após administração intramuscular.
• Distribuição
O volume de distribuição da ceftriaxona sódica é de 7 a 12 L. A ceftriaxona sódica mostrou excelente penetração tecidual, alcançando concentrações acima da Concentração Inibitória Mínima (C.I.M.) contra a maioria dos patógenos responsáveis pela infecção6, e são detectáveis por mais de 24 horas em mais de 60 tecidos, incluindo pulmões7, coração8, fígado9 e vias biliares10, amígdalas11, ouvido médio12, mucosa13 nasal, ossos e fluidos cérebro14-espinhal, pleural, prostático e sinovial.
Ligação protéica
A ceftriaxona sódica liga-se reversivelmente à albumina15, diminuindo a ligação com o aumento da concentração. Assim, para uma concentração plasmática < 100 mcg/mL, a ligação protéica é de 95 %, enquanto para uma concentração de 300 mcg/mL, a ligação é de 85%. Devido ao conteúdo mais baixo em albumina15, a proporção de ceftriaxona livre no líquido intersticial16 é proporcionalmente mais alta que no plasma17.
Passagem para o líquido cefalorraquidiano18
A ceftriaxona sódica atravessa as meninges19 inflamadas de lactente20 e crianças maiores. O grau de difusão média no líquido cefalorraquidiano18 (LCR) corresponde a 17% da concentração plasmática nos pacientes com meningite21 bacteriana e 4% em pacientes com meningite asséptica22. Concentrações da ceftriaxona sódica > 1,4 mcg/mL foram encontradas no LCR, 24 horas após administração de 50-100 mg/kg de ceftriaxona sódica por via intravenosa. Em pacientes adultos com meningite21 a administração de 50 mg/kg produz, em 2 a 24 horas, concentrações no LCR muitas vezes superiores às Concentrações Inibitórias Mínimas (C.I.M.) requeridas pela grande maioria dos microrganismos causadores da meningite21.
• Metabolização
A ceftriaxona sódica não é metabolizada sistematicamente, mas convertida a metabólitos23 inativos pela microbiota24 intestinal.
• Eliminação
A meia-vida de eliminação em adultos sadios é de aproximadamente 8 horas. Em crianças com menos de 8 dias de vida e em adultos com mais de 75 anos, a meia-vida de eliminação é cerca de 2 vezes mais longa.
Em adultos cerca de 50 a 60% são excretados na urina25 de forma inalterada, enquanto 40 a 50% são excretados na bile5 de forma inalterada. A microbiota24 intestinal transforma a ceftriaxona sódica em metabólitos23 microbiologicamente inativos. Nos recém nascidos, a eliminação urinária representa cerca de 70% da dose administrada. Em pacientes com insuficiência renal26 ou hepática27 a farmacocinética da ceftriaxona sódica é discretamente alterada, sendo a meia-vida de eliminação levemente aumentada. Se apenas a função renal28 está prejudicada, há um aumento na eliminação biliar; se, ao contrário, a função hepática27 está prejudicada, há um aumento na eliminação urinária. O clearence total do plasma17 é de 10-20 mL/min. O clearence renal28 é de 5-12 mL/min.