CARACTERÍSTICAS FLUORURACILA DA EUROFARMA
Modo de AçãoFluoruracila inibe a divisão celular através do bloqueio de síntese do DNA (inibição enzimática) e pela formação de um RNA estruturalmente defeituoso (incorporação fluoruracila).
Um evidente efeito inibitório no crescimento de vários tumores transplantados foi observado em animais. Na prática clínica, remissões temporárias e parciais associadas a uma melhora subjetiva e alívio da dor, podem ser alcançadas em certos tipos de tumores.
Farmacodinâmica
Fluoruracila é um medicamento antineoplásico, análogo da pirimidina, que age como antimetabólico à uracila. A ação destes compostos é devida a seus produtos de anabolismo1, produtos estes que provocam interferência na síntese de DNA bloqueando a conversão do ácido deoxiuridílico em ácido timidílico pela enzima2 timidilato sintetase.
O mecanismo de ação exato de fluoruracila não está bem determinado, mas acredita-se que a substância age como antimetabólico através de pelo menos três vias diferentes.
As ações bioquímicas que podem explicar a citotoxicidade do composto são as seguintes: A fluoruracila é convertida à sua correspondente ribosefosfato (5-FUTP), que por sua vez é incorporada ao RNA, inibindo o processamento e a função deste último; um segundo metabólito3, o 5-FdUMP, liga-se à timidilato sintetase, inibindo a formação eventual de dTTP, um dos quatro precursores necessários para a síntese do DNA. Assim, o composto interfere com a síntese dos dois ácidos nucléicos, o que explica a sua citotoxicidade. Em terceiro lugar, a fluoruracila inibe a utilização da uracila preformada na síntese do RNA bloqueando a uracila fosfatase.
A degradação catabólica do composto ocorre em células4 normais, porém não em células4 cancerosas, explicando assim a sua ação antineoplásica.
Foi demonstrado que fluoruracila administrada por via parenteral, inibe o crescimento de tumores em humanos e estes efeitos terapêuticos são maiores sobre as células da medula óssea5, mucosa intestinal6 e determinados tumores de mama7, reto8 e cólon9.
Farmacocinética
A absorção da fluoruracila a partir do trato gastrintestinal é imprevisível e incompleta, pois ocorre degradação metabólica, principalmente a nível hepático, assim, seu emprego se dá exclusivamente por via parenteral.
Após administração intravenosa, a fluoruracila é dispersa rapidamente a partir do plasma10 e distribuída através dos tumores, mucosa intestinal6, medula óssea11, fígado12 e outros tecidos. Apesar da lipossolubilidade limitada, a substância atravessa rapidamente a barreira hemoliquórica e se distribui para os tecidos cerebrais e líquor13.
Os estudos de distribuição em animais e em humanos mostraram que as maiores concentrações da droga ou de seus metabólitos14 são encontradas nos tumores do que nos tecidos adjacentes ou nos correspondentes tecidos normais. Demonstrou-se também que existe maior permanência da fluoruracila em alguns tumores do que nos tecidos normais do hospedeiro, talvez devido ao catabolismo15 alterado da uracila. A fluoruracila atravessa a placenta em ratos. Não se sabe se a droga é excretada através do leite humano. A sua meia-vida de eliminação do plasma10 é de aproximadamente 16 minutos (com uma variação entre 8-20 minutos) e é dose-dependente. O composto desaparece do plasma10 em cerca de 3 horas. A conversão da fluoruracila em metabólitos14 ativos se dá dentro das células4 específicas.
Cerca de 7% a 20% da dose total injetada é excretada inalterada na urina16, em aproximadamente 6 horas. O restante é metabolizado principalmente no fígado12 e catabolizado similarmente como dióxido de carbono respiratório, uréia17 e a-fluoro-ßalanina.
Os metabólitos14 inativos são excretados na urina16 em 3-4 horas.
O emprego de fluoruracila se dá em vários tipos de tumores, entre eles tumores malignos de mama7, do trato gastrintestinal e da pele18. O esquema terapêutico pode utilizar o medicamento isoladamente ou em combinação com outros agentes.