
CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS DORMONID BULA PARA O PROFISSIONAL DE SAÚDE
Farmacodinâmica
Midazolam, o ingrediente ativo de Dormonid® injetável e de Dormonid® comprimidos, é um derivado do grupo das imidazobenzodiazepinas. A base livre é uma substância lipofílica com baixa solubilidade na água.
O nitrogênio básico na posição 2 do sistema do anel imidazobenzodiazepínico permite que o ingrediente ativo forme sais hidrossolúveis com ácidos. Esses produzem uma solução estável e bem tolerada para injeção1. A ação farmacológica de midazolam é caracterizada pelo rápido início de ação, por causa da rápida transformação metabólica e da curta duração. Por causa da sua baixa toxicidade2, midazolam possui amplo índice terapêutico.
Dormonid® injetável e Dormonid® comprimidos provocam efeito sedativo e indutor do sono rapidamente, de pronunciada intensidade. Também exercem efeito ansiolítico, anticonvulsivante e relaxante muscular. Após administração intramuscular ou intravenosa, ocorre uma amnésia3 anterógrada de curta duração (o paciente não se recorda de eventos que ocorreram durante o pico de atividade do composto).
Farmacocinética
Absorção após administração intramuscular
A absorção de midazolam pelo tecido4 muscular é rápida e completa. As concentrações plasmáticas máximas são alcançadas dentro de 30 minutos. A biodisponibilidade após administração I.M. é superior a 90%.
Absorção após administração retal
Após administração retal, midazolam é absorvido rapidamente. A concentração plasmática máxima é alcançada em cerca de 30 minutos. A biodisponibilidade é de cerca de 50%.
Absorção após administração oral
Midazolam é absorvido rápida e completamente após administração oral. Depois da administração do comprimido de 15 mg, concentrações plasmáticas máximas de 70 a 120 ng/mL são atingidas em uma hora. Alimentos prolongam em cerca de uma hora o tempo até a concentração máxima, apontando para redução na velocidade de absorção do midazolam. Sua meia-vida de absorção é de 5 a 20 minutos. Em razão de substancial eliminação pré-sistêmica, sua biodisponibilidade absoluta é de 30% a 50%. A farmacocinética de midazolam é linear com doses orais entre 7,5 e 15 mg.
Distribuição
Quando midazolam é injetado por via intravenosa, a curva plasmática de concentração-tempo mostra uma ou duas fases distintas de distribuição. Após administração oral, a distribuição tecidual de midazolam é muito rápida e, na maioria dos casos, uma fase de distribuição não é evidente ou é praticamente encerrada uma a duas horas após a administração. O volume de distribuição em equilíbrio dinâmico é de 0,7 – 1,2 L/kg. De 96% a 98% de midazolam é ligado às proteínas5 plasmáticas, principalmente à albumina6. Existe uma passagem lenta e insignificante de midazolam para o líquido cefalorraquidiano7. Em humanos, foi demonstrado que midazolam atravessa a placenta lentamente e entra na circulação8 fetal.
Pequenas quantidades de midazolam são encontradas no leite humano.
Metabolismo9
Midazolam é quase inteiramente eliminado após biotransformação. Menos de 1% da dose é recuperada na urina10 como droga não modificada. Midazolam é hidroxilado pelo citocromo P4503A4 (CYP3A4) isoenzima.
O α-hidroximidazolam é o principal metabólito11 na urina10 e no plasma12. De 60% a 80% da dose é excretada na urina10 α-hidroximidazolam glucuroconjugado. Após administração injetável, a concentração plasmática de α-hidroximidazolam é 12% do composto de origem. A fração da dose extraída pelo fígado13 foi estimada em 30% – 60%. A meia-vida de eliminação do metabólito11 é menor que uma hora. O α-hidroximidazolam é farmacologicamente ativo, mas contribui apenas minimamente (cerca de 10%) para os efeitos do midazolam intravenoso. Não existe evidência de polimorfismo genético no metabolismo9 oxidativo do midazolam.
Investigações posteriores não demonstraram relevância clinica polimorfismo genético no metabolismo9 oxidativo do midazolam.
Após administração oral, as concentrações plasmáticas do α-hidroximidazolam correspondem a 30% - 50% das concentrações do fármaco14 original. Após administração oral, ocorre substancial eliminação pré-sistêmica de 30% a 60%.
A meia-vida de eliminação do metabólito11 é uma hora mais curta. O α-hidroximidazolam é farmacologicamente ativo e contribui significativamente (cerca de 34%) para os efeitos do midazolam oral.
Eliminação
Em voluntários sadios, a meia-vida de eliminação de midazolam situa-se entre 1,5 e 2,5 horas. O clearance plasmático é de 300 a 500 mL/min em média. Quando midazolam é administrado pela infusão I.V., sua cinética15 de eliminação não difere da observada após injeção1 em bolus16. Midazolam é excretado principalmente por via renal17: 60% a 80% da dose é excretada na urina10 como o glucoroconjugado α-hidroximidazolam. Menos de 1% é recuperado inalterado na urina10.
Quando administrado por via oral, em dose única diária, midazolam não se acumula. A administração repetida de midazolam não produz indução de enzimas de biotransformação.
Farmacocinética em populações especiais
Idosos: em adultos acima de 60 anos, a meia-vida de eliminação de midazolam administrado por via injetável pode ser prolongada acima de quatro vezes, mas não há evidência de alteração na farmacocinética de midazolam oral nesses pacientes.
Crianças: a taxa de absorção retal nas crianças é similar à dos adultos. Entretanto, a meia-vida de eliminação (t ½) após administração I.V. e retal é mais curta em crianças de 3 a 10 anos, quando comparada com a de adultos. A diferença é compatível com um clearance metabólico maior em crianças.
Em crianças pré-termo e neonatos18: a meia-vida de eliminação é em média 6 – 12 horas, e o clearance é reduzido provavelmente por causa da imaturidade hepática19.
Pacientes obesos: a meia-vida média é maior nos pacientes obesos que nos não obesos (8,4 versus 2,7 horas). O aumento da meia-vida é secundário ao aumento de, aproximadamente, 50% no volume de distribuição corrigido pelo peso corporal total. Entretanto, o clearance não difere dos não obesos.
Pacientes com insuficiência hepática20: a meia-vida de eliminação em pacientes cirróticos pode ser maior e o clearance menor, quando comparado aos de voluntários sadios (vide “Advertências e Precauções”).
Cirrose21 hepática19 não apresenta nenhum efeito ou pode aumentar a biodisponibilidade absoluta de midazolam administrado por via oral, por redução da biotransformação.
Pacientes com insuficiência renal22: a meia-vida de eliminação em pacientes com insuficiência renal22 crônica é similar à de voluntários sadios.
Pacientes críticos – em mal estado geral: a meia-vida de eliminação de midazolam é prolongada em pacientes críticos.
Pacientes com insuficiência cardíaca23: a meia-vida de eliminação é maior em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva24, quando comparada à de indivíduos saudáveis.