PRECAUÇÕES ZOLAPIN
Deve-se ter cautela ao prescrever Zolapin a pacientes com histórico de glaucoma1 de ângulo fechado, hiperplasia2 prostática, úlcera duodenal3, pós-encefalite4, pré-disposição à convulsão5 ou epilepsia6 e funções renal7 ou hepática8 prejudicadas.
A reação adversa mais significativa com o uso de Zolapin é o risco potencial de agranulocitose9 ou granulocitopenia. Como essa reação adversa é grave, deve-se restringir o uso de Zolapin a pacientes resistentes ao tratamento com agentes antipsicóticos clássicos e que possam realizar exames de sangue10 regularmente. A queda no número de glóbulos brancos pode estar associada ou não a sintomas11 de infecção12, embora freqüentemente o primeiro indício de agranulocitose9 seja inflamação13 na garganta14 e febre15. Assim, pacientes em tratamento com Zolapin devem ser cuidadosamente monitorados quando apresentarem sintomas11 semelhantes aos de gripe16. A agranulocitose9 costuma ser revertida com a interrupção do tratamento.
Foram desenvolvidos estudos com um grupo de pacientes para se definir a "zona de perigo": valores de números de glóbulos brancos nos quais o uso da Clozapina deve ser imediatamente suspenso. Os valores desta "zona de perigo" são número total de glóbulos brancos menor que 3.000 células17/mm3, e/ou neutrófilos18 em número menor que 1.500 células17/mm3 e/ou número de plaquetas19 menor que 50.000 células17/mm3. Neutropenia20 foi definida tendo valores de neutrófilos18 de 500 a 1.500 células17/mm3 e agranulocitose9 como número de neutrófilos18 menor que 500 células17/mm3. Leucopenia21 é definida como número de glóbulos brancos menor que 3.000 células17/mm3.
O grupo foi monitorado por quatro anos e meio, com 45,2% dos pacientes recebendo Clozapina por pelo menos um ano. As primeiras 6 a 18 semanas da terapia mostraram-se claramente como o período de aumento de risco de desenvolvimento de agranulocitose9 e neutropenia20. Nas primeiras 18 semanas ocorreram 89,6% dos casos de agranulocitose9. O último caso surgiu em 16 meses. A incidência22 de agranulocitose9 diminuiu de 0,7% no primeiro ano para 0,07% no segundo ano. Não foi registrado nenhum caso de agranulocitose9 no terceiro ano de tratamento. A incidência22 de neutropenia20 no primeiro ano foi de 2,3% e 0,7% no segundo e terceiro ano de tratamento. As doses diárias médias eram de 150 a 450mg/dia. A incidência22 de agranulocitose9 e neutropenia20 foi maior entre os pacientes com idade entre 51 e 60 anos. Mulheres têm um risco ligeiramente maior de desenvolver agranulocitose9. Dose e origem étnica parecem não influenciar no desenvolvimento de neutropenia20 e agranulocitose9.
Se, após a suspensão do uso de Zolapin, ocorrer redução adicional de leucócitos23 totais a valores inferiores a 2.000 células17/mm3 e redução de neutrófilos18 a menos de 1.000 células17/mm3, o tratamento dessa condição deve ser orientado por hematologista experiente. Se possível, o paciente deve ser encaminhado a um serviço especializado em hematologia, que poderá providenciar condições adequadas de isolamento, se estas forem indicadas.
Os pacientes cujo tratamento com Zolapin foi suspenso por ultrapassarem a "zona de perigo" não devem voltar a utilizar Zolapin.
Considerando esses dados, devem ser tomadas várias precauções antes de prescrever Zolapin.
Antes de iniciar o tratamento, deve-se realizar contagem total e diferencial de leucócitos23 para certificar-se que somente pacientes com contagem normal de leucócitos23 recebam Zolapin. Após o início do tratamento com Zolapin, a contagem de leucócitos23 deve ser realizada semanalmente, durante 18 semanas. Passado esse período, a contagem pode ser feita com intervalos máximos de um mês, enquanto o paciente estiver em tratamento com Zolapin.
É fundamental que o médico esclareça ao paciente a importância desse controle hematológico, conscientizando-o para que compareça sempre aos exames de sangue10 solicitados.
O paciente deve ser alertado para comunicar imediatamente ao médico qualquer sintoma24 de gripe16, febre15, faringite25, pois podem ser indícios de agranulocitose9. A família também deve participar desse monitoramento.
Medicamentos potencialmente indutores de depressão medular não devem ser usados concomitantemente com Zolapin. Além disso, a associação com neurolépticos26 de ação prolongada deve ser evitada, devido à impossibilidade de se remover rapidamente do organismo esses medicamentos, que podem ser mielossupressores.
O tratamento com Zolapin exige rigorosa supervisão médica. Pode ocorrer hipotensão27 ortostática, seguida ou não de síncope28. Raramente pode ser grave, acompanhada de parada cardíaca ou respiratória. Esses efeitos ocorrem mais no início do tratamento, se o aumento das doses for rápido; em pouquíssimas ocasiões ocorreram após a primeira dose.
Com o uso de Zolapin, os pacientes podem apresentar aumentos transitórios de temperatura acima de 38 ºC, com incidência22 máxima nas 3 primeiras semanas. Deve-se investigar se essa febre15 é benigna ou um indício de agranulocitose9. Pacientes com febre15 alta devem ser observados quanto à ocorrência de Síndrome29 Maligna do Neuroléptico30.
Uso na gravidez31 e lactação32:
As pacientes em tratamento com Zolapin devem ser orientadas a não engravidar. Zolapin enquadra-se na Categoria "B", do FDA. Da categoria "B" fazem parte drogas que não demonstraram riscos fetais em estudos com animais, porém não existem estudos na gravidez31 humana. Até agora, não existem dados suficientes sobre a farmacocinética de Zolapin durante a gravidez31 na espécie humana, porém sabe-se que Zolapin atravessa a placenta e é excretada no leite materno, podendo causar sedação33, diminuição na sucção, irritabilidade, ataques e instabilidade cardiovascular, tanto no feto34 quanto no lactente35.
Assim, o uso de Zolapin não é recomendado durante a gravidez31 e lactação32.
Uso em crianças e adolescentes:
Existem algumas poucas evidências que o uso de Zolapin pode ser benéfico para alguns pacientes jovens que sofrem de esquizofrenia36 psicótica.
Um estudo duplo-cego37 analisou a eficácia de Zolapin comparada ao haloperidol durante 6 semanas. Um grupo de 22 crianças com idade entre 2 e 14 anos recebeu tratamento com Zolapin (149 a 176mg/dia) e/ou haloperidol (8 a 16mg/dia). Os pacientes tratados com Zolapin apresentam significativa melhora em comparação aos tratados com haloperidol. Porém, existe a possibilidade do aumento dos riscos dos efeitos colaterais38 em crianças, portanto um cuidadoso monitoramento se faz necessário.
Além dos efeitos hematopoiéticos, deve-se considerar, em crianças e adolescentes psicóticos, em pelo menos cinco meses de tratamento com três diferentes antipsicóticos, em suficiente dose, ou alternativamente, a ocorrência de efeitos motores extrapiramidais não controláveis e/ou efeitos adversos colinérgicos com os agentes antipsicóticos clássicos.
Outra consideração especial a ser feita na escolha de Zolapin para crianças e adolescentes é a sua boa eficácia clínica no tratamento de sintomas11 esquizofrênicos positivos. Com o tratamento, notam-se melhoras em sintomas11 paranóico-alucinatórios, agitação e comportamento agressivo. Zolapin também mostrou melhora no tratamento de sintomas11 negativos como anergia, mudez, comportamento bizarro e distúrbios do pensamento. Contudo, a eficácia de Zolapin é maior no tratamento de sintomas11 positivos do que dos sintomas11 negativos.
Apesar dessas considerações, não é recomendado o uso de Zolapin em crianças porque a segurança e eficácia do produto ainda não foram bem estabelecidas para essa faixa etária.
Uso em idosos:
Zolapin pode ser usada em idosos, tomando os devidos cuidados indicados na posologia.
Descontinuidade da terapia:
Se existir a necessidade de suspensão da terapia, a redução da dose deve ser gradativa, durante 1 a 2 semanas. Se a suspensão abrupta for inevitável, o paciente deve ser observado quanto à recorrência39 de sintomas11 psicóticos.
Efeitos sobre a capacidade de dirigir veículos e operar máquinas:
Zolapin pode afetar a capacidade de dirigir veículos e operar máquinas. Pacientes em tratamento com Zolapin não devem realizar essas atividades, especialmente no início do tratamento, quando sonolência e outros sintomas11 podem ocorrer. Após o paciente habituar-se ao medicamento e a sonolência tiver desaparecido, ele pode retomar essas atividades com cautela.