CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS XYLOCAINA SPRAY 10%
Propriedades Farmacodinâmicas
XYLOCAÍNA Spray é destinada ao uso em mucosas1 e promove anestesia2 de superfície eficiente, que dura por, aproximadamente, 10-15 minutos. A anestesia2 geralmente ocorre dentro de 1-3 minutos dependendo da área de aplicação.
Anestesia2 local é definida como uma perda da sensibilidade ou sensação que é restringida a certa área do corpo. Todos os anestésicos locais têm um modo de ação comum. Para produzir esses efeitos, eles devem bloquear a propagação dos impulsos ao longo das fibras nervosas. Tais impulsos são transmitidos pela rápida despolarização e repolarização dentro dos axônios3 nervosos. As alterações de polaridade são devidas à passagem de íons4 sódio e potássio pela membrana nervosa, através de canais iônicos dentro da membrana. Os anestésicos locais evitam a entrada dos íons4 sódio para dentro os quais iniciam a despolarização e, como consequência, a fibra nervosa não pode propagar nenhum impulso.
O mecanismo de ação dos anestésicos locais não é totalmente compreendido mas, uma possível explicação é que a forma de base lipossolúvel se difunde através da membrana lipídica ao interior da célula5. Dentro da célula5 uma proporção do fármaco6 se ioniza e entra no canal de sódio para exercer um efeito inibitório do influxo de sódio e consequentemente na condução do impulso.
Propriedades Farmacocinéticas
A lidocaína é absorvida após aplicação tópica em mucosas1. A velocidade e a extensão da absorção dependem da dose total administrada e da concentração, do local de aplicação e da duração da exposição. Geralmente, a velocidade de absorção de agentes anestésicos locais após aplicação tópica é mais rápida após administração intratraqueal e bronquial. Tais aplicações podem, entretanto, resultar em rápido aumento ou excessiva concentração plasmática, com um risco aumentado para sintomas7 tóxicos, tais como convulsões. A lidocaína também é bem absorvida no trato gastrointestinal, mas pouco fármaco6 intacto aparece na circulação8 por causa da biotransformação no fígado9.
Normalmente, cerca de 65% da lidocaína liga-se às proteínas10 plasmáticas. Os anestésicos locais do tipo amida ligam-se principalmente a alfa-1-glicoproteína ácida, mas também à albumina11.
A lidocaína atravessa as barreiras hematoencefálica e placentária, presumivelmente por difusão passiva.
A principal via de eliminação da lidocaína é por metabolismo12 hepático. A via primária da lidocaína em humanos é a N-desalquilação à monoetilglicinexilidina (MEGX) seguida por hidrólise à 2,6-xilidina e hidroxilação à 4-hidroxi-2,6-xilidina. MEGX ainda pode ser desalquilada para glicinexilidina (GX). As ações farmacológicas/toxicológicas de MEGX e GX são similares, mas menos potentes do que as da lidocaína. GX tem uma meia-vida maior (cerca de 10 h) que a lidocaína e pode se acumular durante a administração prolongada. Aproximadamente 90% da lidocaína administrada intravenosamente é excretada na forma de vários metabólitos13 e menos de 10% é excretada inalterada na urina14. O metabólito15 primário na urina14 é um conjugado de 4-hidroxi-2,6-xilidina, respondendo por cerca de 70-80% da dose excretada na urina14.
A meia-vida de eliminação da lidocaína seguida de uma injeção16 intravenosa em bolus17 é tipicamente 1,5 a 2 horas. Devido à rápida velocidade em que a lidocaína é metabolizada, qualquer condição que afete a função hepática18 pode alterar a cinética19 da lidocaína. A meia-vida pode ser prolongada duas vezes ou mais em pacientes com disfunção hepática18. A disfunção renal20 não afeta a cinética19 da lidocaína, mas pode aumentar o acúmulo de metabólitos13.
Fatores como acidose21 e o uso de estimulantes e depressores do Sistema Nervoso Central22 (SNC23) influenciam os níveis de lidocaína no SNC23 necessários para produzir a manifestação de efeitos sistêmicos24. Reações adversas objetivas tornam-se muito mais aparentes com níveis venosos plasmáticos aumentados de 5 a 10 mg/l.
Dados de segurança pré-clínica
A toxicidade25 observada após altas doses de lidocaína em estudos com animais consistiu em efeitos nos Sistemas Nervoso Central e Cardiovascular. Em estudos de toxicidade25 reprodutiva, nenhuma relação do fármaco6 com os efeitos foi observada, nem a lidocaína mostrou potencial mutagênico nos testes de mutagenicidade in vitro ou in vivo. Não foram feitos estudos de câncer26 com lidocaína, devido ao local e a duração do uso deste fármaco6.