PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS REVIRAX
Os pacientes devem ser prevenidos sobre o uso concomitante de outras drogas através da automedicação1 (ver Interações Medicamentosas).
Os pacientes devem ser advertidos de que o tratamento com a zidovudina não demonstrou reduzir o risco de transmissão do HIV2 a outros através do contato sexual ou contaminação sangüínea.
A zidovudina não cura a infecção3 por HIV2, e os pacientes continuam sob o risco de desenvolver doenças associadas à supressão imunológica, inclusive infecções4 oportunistas e neoplasias5. Embora tenha sido demonstrada redução dos riscos de infecções4 oportunistas, os dados sobre o desenvolvimento de neoplasias5, inclusive linfomas, são limitados. Os dados disponíveis sobre pacientes com AIDS tratados com zidovudina indicam que o risco de desenvolvimento de linfoma6 é compatível com aquele observado em pacientes não tratados. o risco de desenvolvimento de linfoma6 em pacientes no estágio inicial de infecção3 por HIV2 submetidos a tratamentos longos é desconhecido.
Toxicidade7 hematológicaAnemia8 (normalmente ocorre após 6 semanas de tratamento com a zidovudina, ou ocasionalmente antes), neutropenia9 (comumente ocorre a qualquer tempo após 4 semanas de tratamento) e leucopenia10 (normalmente secundário à neutropenia9) são ocorrências freqüentemente esperadas em pacientes em tratamento com zidovudina. Por essa razão, os parâmetros hematológicos devem ser cuidadosamente controlados.
Recomenda-se que sejam realizados testes sangüíneos pelo menos a cada duas semanas durante os três primeiro meses de tratamento e, em seguida, pelo menos uma vez ao mês. Se ocorrer anemia8 grave ou mielossupressão, sugere-se ajustes de dose (ver Posologia). Normalmente, tais anormalidades são rapidamente reversíveis com a suspensão do tratamento. Em pacientes com anemia8 significativa, os ajustes de dose não eliminam necessariamente a necessidade de transfusões. Deve-se tomar cuidado especial com pacientes com comprometimento preexistente da medula óssea11 (ou seja, hemoglobina12 inferior a 9 g/dl ou contagem de neutrófilos13 inferior a 1,0 x 109/l). Para estes pacientes podem ser apropriadas doses diárias mais baixas desde o início do tratamento.
A toxicidade7 hematológica é infreqüente em pacientes em estágio inicial de infecção3 por HIV2 (onde a reserva da medula óssea11 geralmente é boa). Dependendo da condição geral do paciente, os testes sangüíneos podem ser realizados com menor freqüência, por exemplo, a cada 1-3 meses. Diminuições do nível de hemoglobina12 maiores que 25% da linha basal podem requerer controle mais freqüente.
Acidose14 láctica15 e hepatomegalia16 grave com esteatose17
Foram relatadas raras ocorrências, potencialmente fatais, de acidose14 láctica15, na ausência de hipoxemia18, e hepatomegalia16 grave com esteatose17. Não se sabe se estes eventos têm uma relação causal com a zidovudina, mas os mesmos foram relatados em pacientes HIV2 positivos sem AIDS. O tratamento com zidovudina deve ser suspenso no caso de elevação rápida dos níveis de aminotransferase, hepatomegalia16 progressiva ou acidose14 ácida/metabólica de etiologia19 desconhecida (ver Reações Adversas).
A zidovudina deve ser administrada com cautela a todos os pacientes, particularmente a mulheres obesas, pacientes com hepatomegalia16, hepatite20 ou outros fatores de risco conhecidos para doença hepática21. Estes pacientes devem ser cuidadosamente acompanhados enquanto estiverem em tratamento com a zidovudina.
Uso em idosos e em pacientes com insuficiência renal22 ou hepática21: (ver Posologia).
Mutagenicidade
Não se observou evidência de mutagenicidade no Teste de Ames. Todavia, a zidovudina foi discretamente mutagênica em ensaio da célula23 de linfoma6 de camundongo e foi positiva em um ensaio in vitro de transformação celular. Foram observados efeitos clastogênicos (danos em cromossomos24) em um estudo in vitro em linfócitos humanos e em estudos de doses orais repetidas de micronúcleos em ratos e camundongos. Um estudo citogenético in vivo em ratos não mostrou uma freqüência mais alta de quebra cromossômica naqueles que haviam recebido zidovudina do que naqueles que não haviam recebido o medicamento. O significado clínico destes achados não está claro.
Gravidez25
Foi demonstrado que o uso da zidovudina em gestantes com mais de 14 semanas de gestação, com tratamento subseqüente de seus recém-nascidos, reduz significativamente a taxa de transmissão de HIV2 materno para o feto26. As gestantes apresentavam contagens de células27 CD4+ de 200 a 1818/mm3 (mediana 550/mm3) e iniciaram o tratamento com zidovudina entre 14ª e 34ª semanas de gestação; seus recém-nascidos receberam a zidovudina até a 6ª semana de idade. Não é sabido se existem quaisquer conseqüências a longo prazo da exposição do feto26 in utero28 e do recém-nascido à zidovudina.
Pelo fato de os dados gerais disponíveis sobre o uso da zidovudina em mulheres serem limitados, seu uso antes da 14ª semana de gestação deve ser considerado somente quando os benefícios potenciais para a mãe superarem os riscos para o feto26.
Lactação29
Dados limitados indicam que a zidovudina é excretada no leite animal. Não se sabe se a zidovudina é excretada no leite humano. Uma vez que a droga pode passar para o leite materno, recomenda-se que as mães que estejam tomando zidovudina abstenham-se de amamentar seus filhos.
Carcinogenicidade
A zidovudina foi administrada, por via oral, em três níveis de dose a grupos separados de camundongos e ratos (60 fêmeas e 60 machos de cada grupo). As doses únicas diárias iniciais foram de 30, 60 e 120 mg/kg/dia e 80, 220 e 600 mg/kg/dia para camundongos e ratos, respectivamente. As doses dos camundongos foram reduzidas para 20, 30 e 40 mg/kg/dia após o 90º dia devido à anemia8 relacionada ao tratamento. No grupo de ratos, somente a dose mais alta foi reduzida (para 450 e então para 300 mg/kg/dia nos 91º e 279º dias, respectivamente).
Nos camundongos ocorreram 7 neoplasias5 vaginais de aparecimento tardio (após 19 meses) com a dose mais alta, sendo cinco carcinomas de células27 escamosas, um papiloma de células27 escamosas e um pólipo30 escamoso31. Ocorreu um papiloma de células27 escamosas (de aparecimento tardio) na vagina32 de um animal do grupo de dose média. Não foram encontrados tumores vaginais no grupo de dose mais baixa.
Nos ratos ocorreram dois carcinomas vaginais de células27 escamosas (aparecimento tardio após 20 meses) nos animais que receberam a dose mais alta. Não ocorreram tumores vaginais nos grupos de dose média nem naqueles de dose baixa. Não foi observado nenhum outro tumor33 relacionado à droga em ambos os sexos das duas espécies.
O valor preditivo dos estudos de carcinogenicidade em roedores para seres humanos não está bem definido, e a significância clínica destes resultados não está clara.
Teratogenicidade
Estudos em ratas e coelhas prenhes recebendo zidovudina por via oral em doses de até 450 e 500 mg/kg/dia, respectivamente durante a maior parte do período de organogênese não revelaram evidências de teratogenicidade. No entanto, houve um aumento estatisticamente significativo da reabsorção fetal em ratas recebendo 140-450 mg/kg/dia, e em coelhas recebendo 500 mg/kg/dia. Um estudo separado mostrou que 3000 mg/kg/dia (em duas doses iguais com intervalo de 6 horas pelo menos) administrada a ratazanas prenhes durante o período de organogênese levou acentuada toxicidade7 materna e a um aumento da incidência34 de malformações35 fetais. Esta dose é comparável à média letal de 3.683 mg/kg administrada em dose única por via oral, no rato. Não foram observadas evidências de aumento de anormalidades fetais neste estudo, com doses mais baixas (600 mg/kg/dia ou menos), também divididas em duas tomadas iguais.
Fertilidade
Doses orais de até 450 mg/kg/dia de zidovudina não prejudicaram a fertilidade de ratos machos ou fêmeas. Não há dados sobre o efeito da zidovudina na fertilidade humana feminina. No homem, a zidovudina não demonstrou afetar a contagem, morfologia ou motilidade dos espermatozóides36.