
FARMACODINÂMICA GLIMEPIRIDA
Mecanismo de Ação
Tanto em pessoas saudáveis quanto em pacientes com diabetes mellitus1 Tipo 2, a glimepirida2 diminui as concentrações sanguínea da glicose3, principalmente pela estimulação da secreção de insulina4 pelas células5 beta do pâncreas6. Este efeito está baseado predominantemente no aumento da resposta das células5 beta do pâncreas6 ao estímulo fisiológico7 da glicose3. Ao mesmo tempo que promove uma redução equivalente da glicemia8, a administração de baixas doses de glimepirida2 em animais e voluntários sadios leva à liberação de menores quantidades de insulina4 comparativamente à glibenclamida. Este fato sugere a existência de efeitos extrapancreáticos (sensibilização à insulina4 e mimetismo da insulina4) da glimepirida2. Adicionalmente, quando comparada às outras sulfoniluréias9, a glimepirida2 apresenta menor efeito sobre o sistema cardiovascular10.
A glimepirida2 reduz a agregação plaquetária (dados de estudos in vitro e em animais) e promove uma redução marcante na formação de placas11 ateroscleróticas (dados de estudos em animais).Secreção de insulina4: Como todas as sulfoniluréias9, a glimepirida2 regula a secreção de insulina4 através da interação com os canais de potássio sensíveis à ATP12 presentes na membrana da célula13 beta. Contrariamente às outras sulfoniluréias9, a glimepirida2 liga-se especificamente à proteína 65 kDa, localizada na membrana da célula13 beta. Esta interação da glimepirida2 com sua proteína de ligação determina a probabilidade do canal de potássio sensível a ATP12 permanecer aberto ou fechado. A glimepirida2 fecha o canal de potássio, o que induz a despolarização da célula13 beta e resulta na abertura do canal de cálcio sensível à voltagem e, consequentemente, no influxo de cálcio para o interior da célula13. Finalmente, o aumento da concentração intracelular de cálcio ativa a secreção da insulina4 por meio da exocitose14.
A glimepirida2 se associa e se dissocia da proteína ligadora muito mais rápida e frequentemente do que a glibenclamida. Acredita-se que a característica alta taxa de associação/dissociação da glimepirida2 à proteína ligadora é responsável pelo seu pronunciado efeito de sensibilização à glicose3 e pelo efeito de proteção da célula13 beta contra a dessensibilização15 e exaustão prematura.
Efeito de sensibilização à insulina4: A glimepirida2 aumenta a ação normal da insulina4 sobre a absorção periférica de glicose3 (dados de estudos em humanos e animais).
Efeitos de mimetismo da insulina4: A glimepirida2 mimetiza a ação da insulina4 na absorção periférica de glicose3 e produção hepática16 de glicose3.
A absorção periférica de glicose3 ocorre pelo seu transporte para o interior das células musculares17 e lipídicas. A glimepirida2 aumenta diretamente o número de moléculas de glicose3 transportadas pela membrana plasmática18 das células musculares17 e lipídicas. O aumento do influxo de glicose3 leva à ativação da fosfolipase C glicosilfosfatidilinositol-específica. Como resultado, os níveis celulares de AMPC diminuem, causando redução da atividade da proteína quinase A, que, por sua vez, estimula o metabolismo19 da glicose3. A glimepirida2 inibe a produção hepática16 de glicose3 por meio do aumento da concentração de frutose20-2,6-bifosfato, que inibe a gliconeogênese21.
Efeitos sobre a agregação plaquetária e formação de placas11 ateroscleróticas: A glimepirida2 reduz a agregação plaquetária in vitro e in vivo. Este efeito é provavelmente o resultado da inibição seletiva da cicloxigenase, que é responsável pela formação de tromboxano A, um importante fator endógeno de agregação plaquetária. A glimepirida2 reduz significativamente a formação das placas11 ateroscleróticas em animais. O mecanismo de ação relacionado à este efeito ainda não está elucidado.
Efeitos cardiovasculares: As sulfoniluréias9 afetam o sistema cardiovascular10 por meio dos canais de potássio sensíveis a ATP12. Comparada às sulfoniluréias9 convencionais, a glimepirida2 exerce um efeito significativamente menor no sistema cardiovascular10 (dados de estudos em animais). Este fato pode ser explicado pela natureza específica da interação entre a glimepirida2 e a proteína ligadora do canal de potássio sensível a ATP12.
Características farmacodinâmicas
Em pessoas saudáveis, a dose oral mínima efetiva é de aproximadamente 0,6 mg. O efeito da glimepirida2 é dose-dependente e reprodutível. A resposta fisiológica22 ao exercício físico agudo23, como por exemplo, a redução da secreção de insulina4, continua presente sob o efeito de glimepirida2.
Não existem diferenças significativas relacionadas à administração do fármaco24 30 minutos ou imediatamente antes da refeição. Em pacientes diabéticos, alcança-se um bom controle metabólico durante 24 horas com a administração de uma única dose. Adicionalmente, em um estudo clínico, 12 de 16 pacientes com insuficiência renal25 (clearance de creatinina26 entre 4 e 79 mL/min) alcançaram um bom controle metabólico. Apesar do metabólito27 hidroxi da glimepirida2 causar uma redução pequena, porém significativa da glicose3 sérica em pessoas saudáveis, ele é responsável por somente uma pequena parte do efeito total do fármaco24.
Terapia combinada28 com insulina4: Em pacientes que não alcançaram um controle metabólico adequado com a dose máxima de glimepirida2, pode-se iniciar a terapia concomitante com insulina4. Em dois estudos, a terapia com a associação de insulina4 e glimepirida2 promoveu o mesmo controle metabólico que insulina4 em monoterapia; entretanto, foi necessária uma dose média menor de insulina4 na terapia associada.
Terapia combinada28 com metformina29: Em pacientes que não alcançaram um controle adequado com a dose máxima tanto de glimepirida2 quanto de metformina29, pode-se iniciar a terapia concomitante com ambos agentes antidiabéticos. Em dois estudos, verificou-se melhora no controle metabólico no tratamento combinado em comparação ao tratamento com o fármaco24 isolado.