INFORMAÇÕES TÉCNICAS EVISTA

Atualizado em 28/05/2016

Descrição - Raloxifeno é um derivado benzotiofeno, que age como um modulador seletivo do receptorestrogênico (SERM).

 -  Propriedades farmacodinâmicas:
Como modulador seletivo do receptor estrogênico (SERM) o
raloxifeno tem atividade seletiva agonista1 ou antagonista2 sobre os tecidos que respondem ao estrógeno3.
Atua como agonista1 no osso e sobre o metabolismo4 do colesterol5 (redução no colesterol5 total e no LDLcolesterol),
porém age como antagonista2 sobre os tecidos uterino e mamário.
Como os estrógenos, os efeitos biológicos do raloxifeno são mediados por sua ligação de alta afinidade
aos receptores estrogênicos e pela regulação da expressão gênica. Esta ligação provoca a expressão
diferencial de múltiplos genes regulados por estrógenos em diferentes tecidos. Dados recentes sugerem
que o receptor estrogênico pode regular a expressão gênica por, no mínimo, duas vias diferentes que são:
ligante-, tecido6-e/ou gene-específico.
a. Efeitos sobre o esqueleto7 - A diminuição na disponibilidade de estrógeno3, que ocorre na menopausa8,
leva a um aumento marcante da reabsorção óssea, perda de osso e risco de fratura9. A perda de osso é
particularmente rápida durante os primeiros dez anos da menopausa8, quando o aumento compensatório na
formação óssea não é suficiente para restabelecer as perdas por reabsorção. Outros fatores de risco que
podem causar osteoporose10 são a menopausa8 precoce, osteopenia (pelo menos um desvio-padrão abaixo
do pico de massa óssea), compleição delgada, origem étnica caucasiana ou asiática e história familiar de
osteoporose10. Os tratamentos de reposição, geralmente, revertem a reabsorção óssea excessiva. Nas
mulheres pós-menopausadas, EVISTA reduz a incidência11 de fraturas, preserva a massa óssea e aumenta a
densidade mineral óssea (DMO).
1. Incidência11 de fraturas: Em um estudo com 7705 mulheres pós-menopausadas com idade média de 66
anos e com osteoporose10 ou osteoporose10 com uma fratura9 vertebral pré-existente, o tratamento com
EVISTA por 3 anos reduziu a incidência11 de fraturas vertebrais em 55% (RR 0,45; IC 0,29; 0,71 ; p <
0,001) e em 30% (RR 0,70; IC 0,56; 0,86 ; p<0,001) respectivamente. Embora não estatisticamente
significante, a incidência11 de fraturas não vertebrais diminuiu com o aumento da duração da exposição ao
EVISTA comparada com o placebo12.
2. Densidade Mineral Óssea (DMO): A eficácia de EVISTA, administrado diariamente em mulheres pósmenopausadas
de até 60 anos, com ou sem útero13, foi estabelecida em um período de tratamento de 24
meses nos estudos de prevenção e de 36 meses nos estudos de tratamento. Essas mulheres eram
menopausadas há 2 a 8 anos. Foram realizados três estudos clínicos com 1.764 mulheres pósmenopausadas
às quais foi administrado EVISTA ou placebo12. Em um dos estudos, as mulheres haviam
sido previamente histerectomizadas. EVISTA proporcionou aumentos significantes na densidade mineral
óssea do quadril, da coluna e do corpo inteiro em comparação ao placebo12. Nos estudos clínicos, todos os
indivíduos receberam cálcio suplementar com ou sem vitamina14 D. Esse aumento da DMO foi,
geralmente, de 2%, em comparação com o placebo12. Um aumento de DMO semelhante foi observado na
população em tratamento. Em estudos de prevenção, a porcentagem de mulheres que experimentaram
aumentos ou diminuições na DMO durante a terapia com raloxifeno foi a seguinte: na coluna vertebral15
houve uma diminuição em 37% e um aumento de 63% ; no quadril houve uma diminuição em 29% e um
aumento de 71%.
3. Farmacocinética do Cálcio: EVISTA e os estrógenos afetam de forma similar a remodelação óssea e o
metabolismo4 do cálcio. EVISTA está associado a uma redução da reabsorção óssea e a um balanço
positivo de cálcio de 60 mg/dia, devido, fundamentalmente, à redução das perdas urinárias de cálcio.
4. Marcadores de remodelação óssea: Raloxifeno diminui a taxa de remodelação óssea como evidenciado
pelos marcadores bioquímicos de reabsorção e formação óssea.
5. Histomorfometria (Qualidade Óssea): Em um estudo comparando EVISTA com o estrógeno3, os ossos
de pacientes tratadas com qualquer outra droga apresentaram-se histologicamente normais, sem
evidências de defeitos de mineralização, de osso desorganizado ou de fibrose16 medular.
Estes achados consistentemente demonstram que o mecanismo principal de ação do raloxifeno no osso é
a inibição da reabsorção óssea.
b. Efeitos nos lipídios e fatores de coagulação17 - Os estudos clínicos demonstraram que uma dose diária
de 60 mg de EVISTA diminui significantemente o colesterol5 total (3 a 6%) e o LDL18-colesterol5 (4 a
10%). Mulheres com os maiores níveis basais de colesterol5 tiveram as maiores reduções. As
concentrações de HDL19-colesterol5 e de triglicérides20 não se modificaram significantemente. Raloxifeno
aumentou significantemente a subfração de HDL19-2 colesterol5 sérico e diminuiu significantemente o
fibrinogênio21 sérico (6,71% após 3 anos de terapia com EVISTA) e a lipoproteína (a). No estudo de
tratamento de osteoporose10, menos pacientes tratados com EVISTA requereram de forma significante
início de terapia hipolipidêmica comparado ao placebo12.
O risco relativo de episódios tromboembólicos venosos, observado durante o tratamento com o
raloxifeno, foi de 2,03 (IC 1,13; 3,64) em comparação com o placebo12 e de 1,0 (IC 0,3; 6,2) em
comparação com estrógenos ou com terapia de reposição hormonal. O risco de um evento
tromboembólico foi maior nos primeiros 4 meses de terapia.
c. Efeitos no endométrio22 - Nos estudos clínicos, EVISTA não estimulou o endométrio22 de mulheres pósmenopausadas.
Comparado ao placebo12, raloxifeno não foi associado com sangramento ou hemorragia23 uterina/vaginal, ou hiperplasia endometrial24. Foram avaliadas cerca de 3.000 ultra-sonografias transvaginais realizadas em 831 mulheres com diferentes doses e observou-se que não existiam diferenças na espessura endometrial das mulheres tratadas com raloxifeno em comparação com as tratadas com placebo12. Depois de 3 anos de tratamento observou-se, mediante ultra-sonografia transvaginal, um aumento na espessura endometrial igual ou superior a 5 mm em 1,9% das 211 mulheres
tratadas com 60 mg/dia de raloxifeno, em comparação com 1,8% das 219 mulheres que receberam placebo12. Tampouco não houve diferença na incidência11 de sangramento uterino entre os grupos tratados com raloxifeno ou placebo12.
As biópsias25 do endométrio22 efetuadas após 6 meses de tratamento com 60 mg/dia de EVISTA, demonstraram que não ocorreu proliferação endometrial em nenhuma das pacientes. Além do mais, em um estudo no qual se administrou 2,5 vezes a dose diária recomendada de EVISTA não se observou nem
proliferação endometrial nem aumento no volume uterino. No estudo de tratamento de osteoporose10, a espessura endometrial foi avaliada anualmente numa parte da população estudada (1781 pacientes) por 3
anos. As medidas da espessura endometrial nas mulheres tratadas com EVISTA não foram diferentes da medida inicial após 3 anos de terapia. Não houve diferença entre as mulheres tratadas com EVISTA e
placebo12 nas incidências de sangramento ou secreção vaginal. Menos mulheres tratadas com EVISTA que   as tratadas com placebo12 precisaram de intervenção cirúrgica para prolapso26 uterino. Depois de três anos, o raloxifeno não aumentou o risco de câncer27 de endométrio22 ou de ovários28.
d. Efeitos no tecido6 mamário - EVISTA não tem efeito proliferativo no tecido6 mamário. Entre todos os estudos placebos-controlados, EVISTA foi indistinguível do placebo12 com relação à freqüência e gravidade de sintomas29 nas mamas30 (inchaço31, sensibilidade e dor na mama32). A análise combinada de vários
estudos clínicos com EVISTA, em que participaram mais de 12.000 pacientes, a maioria das quais tiveram, pelo menos 42 meses de tratamento, demonstrou que o risco relativo de novos diagnósticos de câncer27 de mama32 foi significantemente inferior (redução de 64%; risco relativo 0,36; IC 0,20; 0,65) nas mulheres pós-menopausadas tratadas com EVISTA do que nas mulheres tratadas com placebo12. O risco total de um câncer27 de mama32 invasivo positivo para o receptor de estrógeno3 (ER) foi reduzido em 80% (RR 0,20; IC 0,09; 0,41). EVISTA não tem efeito sobre risco de cânceres de mama32 ER negativos. Essas
observações suportam a conclusão de que o raloxifeno não tem atividade agonista1 estrogênica intrínseca sobre o tecido6 mamário.
Em estudos clínicos com EVISTA foi observada uma diminuição da incidência11 de câncer27 de mama32.
e. Efeitos na função cognitiva33 - Não foram observados eventos adversos na função cognitiva33.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Agonista: 1. Em farmacologia, agonista refere-se às ações ou aos estímulos provocados por uma resposta, referente ao aumento (ativação) ou diminuição (inibição) da atividade celular. Sendo uma droga receptiva. 2. Lutador. Na Grécia antiga, pessoa que se dedicava à ginástica para fortalecer o físico ou como preparação para o serviço militar.
2 Antagonista: 1. Opositor. 2. Adversário. 3. Em anatomia geral, que ou o que, numa mesma região anatômica ou função fisiológica, trabalha em sentido contrário (diz-se de músculo). 4. Em medicina, que realiza movimento contrário ou oposto a outro (diz-se de músculo). 5. Em farmácia, que ou o que tende a anular a ação de outro agente (diz-se de agente, medicamento etc.). Agem como bloqueadores de receptores. 6. Em odontologia, que se articula em oposição (diz-se de ou qualquer dente em relação ao da maxila oposta).
3 Estrógeno: Grupo hormonal produzido principalmente pelos ovários e responsáveis por numerosas ações no organismo feminino (indução da primeira fase do ciclo menstrual, desenvolvimento dos ductos mamários, distribuição corporal do tecido adiposo em um padrão feminino, etc.).
4 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
5 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
6 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
7 Esqueleto:
8 Menopausa: Estado fisiológico caracterizado pela interrupção dos ciclos menstruais normais, acompanhada de alterações hormonais em mulheres após os 45 anos.
9 Fratura: Solução de continuidade de um osso. Em geral é produzida por um traumatismo, mesmo que possa ser produzida na ausência do mesmo (fratura patológica). Produz como sintomas dor, mobilidade anormal e ruídos (crepitação) na região afetada.
10 Osteoporose: Doença óssea caracterizada pela diminuição da formação de matriz óssea que predispõe a pessoa a sofrer fraturas com traumatismos mínimos ou mesmo na ausência deles. É influenciada por hormônios, sendo comum nas mulheres pós-menopausa. A terapia de reposição hormonal, que administra estrógenos a mulheres que não mais o produzem, tem como um dos seus objetivos minimizar esta doença.
11 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
12 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
13 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
14 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
15 Coluna vertebral:
16 Fibrose: 1. Aumento das fibras de um tecido. 2. Formação ou desenvolvimento de tecido conjuntivo em determinado órgão ou tecido como parte de um processo de cicatrização ou de degenerescência fibroide.
17 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
18 LDL: Lipoproteína de baixa densidade, encarregada de transportar colesterol através do sangue. Devido à sua tendência em depositar o colesterol nas paredes arteriais e a produzir aterosclerose, tem sido denominada “mau colesterol“.
19 HDL: Abreviatura utilizada para denominar um tipo de proteína encarregada de transportar o colesterol sanguíneo, que se relaciona com menor risco cardiovascular. Também é conhecido como “Bom Colesterolâ€. Seus valores normais são de 35-50mg/dl.
20 Triglicérides: A principal maneira de armazenar os lipídeos no tecido adiposo é sob a forma de triglicérides. São também os tipos de lipídeos mais abundantes na alimentação. Podem ser definidos como compostos formados pela união de três ácidos graxos com glicerol. Os triglicérides sólidos em temperatura ambiente são conhecidos como gorduras, enquanto os líquidos são os óleos. As gorduras geralmente possuem uma alta proporção de ácidos graxos saturados de cadeia longa, já os óleos normalmente contêm mais ácidos graxos insaturados de cadeia curta.
21 Fibrinogênio: Proteína plasmática precursora da fibrina (que dá origem à fibrina) e que participa da coagulação sanguínea.
22 Endométrio: Membrana mucosa que reveste a cavidade uterina (responsável hormonalmente) durante o CICLO MENSTRUAL e GRAVIDEZ. O endométrio sofre transformações cíclicas que caracterizam a MENSTRUAÇÃO. Após FERTILIZAÇÃO bem sucedida, serve para sustentar o desenvolvimento do embrião.
23 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
24 Hiperplasia endometrial: Caracterizada por alterações biomorfológicas do endométrio (estroma e glândulas), que variam desde um estado fisiológico exacerbado até o carcinoma “in situ”. É o resultado de uma estimulação estrogênica persistente na ausência ou insuficiência de estímulo progestínico.O fator prognóstico mais importante nas pacientes afetadas é a atipia celular: cerca de 20% das pacientes com hiperplasia atípica evoluem para câncer invasivo.
25 Biópsias: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
26 Prolapso: Deslocamento de um órgão ou parte dele de sua localização ou aspecto normal. P.ex. prolapso da válvula mitral, prolapso uterino, etc.
27 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
28 Ovários: São órgãos pares com aproximadamente 3cm de comprimento, 2cm de largura e 1,5cm de espessura cada um. Eles estão presos ao útero e à cavidade pelvina por meio de ligamentos. Na puberdade, os ovários começam a secretar os hormônios sexuais, estrógeno e progesterona. As células dos folículos maduros secretam estrógeno, enquanto o corpo lúteo produz grandes quantidades de progesterona e pouco estrógeno.
29 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
30 Mamas: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
31 Inchaço: Inchação, edema.
32 Mama: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
33 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.

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