
INFORMAÇÕES TÉCNICAS STARFORM
Nateglinida
Farmacodinâmica
A nateglinida é um derivado de um aminoácido (a fenilalanina1), que é química e farmacologicamente diferente de outros agentes antidiabéticos. A nateglinida restabelece a secreção precoce de insulina2, resultando numa redução da glicemia pós-prandial3 e da HbA1c4.
A secreção precoce de insulina2 é um mecanismo essencial para a manutenção do controle glicêmico normal. A nateglinida, quando tomada antes das refeições, restabelece a fase precoce ou primeira fase de secreção de insulina2, a qual foi perdida nos pacientes com diabetes tipo 25. Esta ação é mediada por uma interação rápida e transitória com o canal de K+ATP6 nas células7 beta do pâncreas8. Estudos eletrofisiológicos demonstraram que a nateglinida tem uma seletividade 300 vezes superior para as células7 beta do pâncreas8 em relação aos canais de K+ATP6 cardiovasculares.
Ao contrário de outros agentes antidiabéticos orais9, a nateglinida induz uma significativa secreção de insulina2 durante os primeiros 15 minutos após uma refeição. Isto atenua os picos da glicose10 pós-prandial. Os níveis de insulina2 retornam aos valores basais em 3 a 4 horas, reduzindo a hiperinsulinemia11 pós-prandial, a qual tem sido associada com hipoglicemia12 retardada. A nateglinida é rapidamente eliminada.
A secreção de insulina2 pelas células7 beta do pâncreas8 induzida pela nateglinida é sensível à glicose10, de tal forma que é secretada menos insulina2 à medida que os níveis de glicose10 baixam. Inversamente, a administração concomitante de alimentos ou de uma perfusão de glicose10 resulta num claro aumento da secreção de insulina2. O reduzido potencial da nateglinida para estimular a secreção de insulina2 em ambientes de baixas concentrações de glicose10 proporciona proteção adicional contra a hipoglicemia12, tal como quando se deixa de ingerir uma refeição.
Em estudos clínicos, o tratamento monoterápico com nateglinida resultou num aperfeiçoamento do controle da glicemia13 conforme medido pela HbA1c4 e pela glicose10 pós-prandial. Em associação com a metformina14, que afetou principalmente a glicemia13 em jejum, o efeito na HbA1c4 foi sinérgico, em comparação com qualquer dos agentes isolados, devido ao modo de ação complementar das substâncias.
Num estudo de 24 semanas, pacientes que estavam estabilizados com doses elevadas de sulfoniluréias15 durante pelo menos 3 meses e que mudaram diretamente para monoterapia com nateglinida apresentaram reduzido controle da glicemia13, tal como foi evidenciado pelos aumentos da glicemia13 em jejum e HbA1c4.
Farmacocinética
Absorção e biodisponibilidade
A nateglinida é rapidamente absorvida após a administração oral do comprimido antes de uma refeição, sendo a concentração máxima média da nateglinida ocorrendo geralmente em menos de uma hora. A nateglinida é rápida e quase completamente absorvida (? 90 %) a partir de uma solução oral. Calcula-se que a biodisponibilidade oral absoluta seja de 72 %. Em pacientes diabéticos tipo 2, aos quais foi administrada nateglinida no intervalo de doses de 60 a 240 mg antes das três refeições diárias, durante uma semana, a nateglinida apresentou uma farmacocinética linear tanto para a AUC16 quanto para a Cmáx e o tmáx foi independente da dose.
Distribuição
Calcula-se que o volume de distribuição da nateglinida em estado de equilíbrio, com base em dados intravenosos, seja de aproximadamente 10 litros. Estudos in vitro mostram que a nateglinida está extensivamente ligada (97-99 %) às proteínas17 séricas, principalmente à albumina18 sérica e, em menor extensão, à á1-ácido-glicoproteína. A extensão da ligação às proteínas17 séricas é independente da concentração do fármaco19 no intervalo de teste de 0,1-10 mcg de nateglinida/mL.
Metabolismo20
A nateglinida é extensivamente metabolizada pelo sistema de oxidases de função mista antes da eliminação. Os principais metabólitos21 encontrados em humanos resultam da hidroxilação da cadeia lateral isopropil, ou do carbono metil ou em um dos grupos metil. A atividade dos principais metabólitos21 é, respectivamente, cerca de 5-6 e 3 vezes menos potente do que a da nateglinida. Os metabólitos21 menores identificados foram um diol, um isopropeno e acil-glicuronídio(s) da nateglinida. Apenas o metabólito22 menor isopropeno possui atividade, que é quase tão potente como a da nateglinida. O citocromo P450 2C9 é o principal catalisador do metabolismo20 da nateglinida, seguido pelo CYP 3A4, com base em experiências in vitro com microssomas hepáticos humanos e com microssomas contendo isoenzimas CYP humanas expressas isoladamente.
Excreção
A nateglinida e os seus metabólitos21 são rápida e completamente eliminados. Aproximadamente 75 % da nateglinida [14C] administrada é recuperada na urina23 em seis horas após a dose. A maioria da nateglinida [14C] é excretada na urina23 (83 %), com um adicional de 10 % eliminada nas fezes. Aproximadamente 6-16 % da dose administrada foi excretada na urina23 como fármaco19 inalterado. As concentrações plasmáticas diminuem rapidamente e a meia-vida de eliminação da nateglinida foi em média de 1,5 horas em todos os estudos em voluntários e pacientes diabéticos tipo 2. De forma consistente com a sua curta meia-vida de eliminação, não há acúmulo aparente de nateglinida com doses múltiplas de até 240 mg três vezes por dia.
Efeito dos alimentos
Quando administrado pós-prandialmente, a extensão da absorção da nateglinida (AUC16) permanece inalterada. No entanto, verifica-se um atraso na taxa de absorção caracterizado por uma diminuição na Cmáx e um atraso no tempo para atingir a concentração plasmática máxima (tmáx). Recomenda-se que STARFORM seja administrado antes das refeições. Normalmente é tomado imediatamente (1 minuto) antes de uma refeição mas pode ser tomado até 30 minutos antes das refeições.
Sexo
Não foram observadas diferenças clinicamente significativas na farmacocinética da nateglinida entre homens e mulheres.
Metformina14
Farmacodinâmica
A metformina14 é um antidiabético oral24 pertencente ao grupo químico das biguanidas25.
Em contraste às sulfoniluréias15, a metformina14 não estimula a secreção da insulina2. Não tem um efeito hipoglicêmico em não-diabéticos. Em diabéticos, a metformina14 diminui a hiperglicemia26 com baixo risco de causar episódios hipoglicêmicos (exceto em jejum prolongado ou em combinação com sulfoniluréias15 ou insulina2).
O mecanismo de ação da metformina14 é caracterizado por:
• Um aumento da sensibilidade periférica à insulina2 e da absorção celular de glicose10;
• Uma inibição da gliconeogênese27 hepática28;
• Um retardo da absorção intestinal de glicose10
Estas ações combinadas contribuem para que a metformina14 reduza a hiperglicemia26 e melhore a tolerância à glicose10. A ação periférica de metformina14 sobre a resistência à insulina29 é provavelmente acompanhada por um efeito pós-receptor, independente da ligação receptor-insulina2.
Em estudos com metformina14 um efeito favorável foi observado sobre o metabolismo20 de lipídeos (especialmente uma redução dos níveis aumentados de colesterol30 total e em alguns estudos também uma redução dos níveis aumentados de triglicérides31).
Farmacocinética
Absorção
Após uma dose oral de metformina14, tmáx é alcançado em 2.5 horas. A biodisponibilidade absoluta dos comprimidos de 500 ou 850 mg de metformina14 é de aproximadamente 50-60% em indivíduos saudáveis. Após uma dose oral, a fração não absorvida, recuperada das fezes, foi de 20-30%.
Após administração oral, a absorção de metformina14 é saturável e incompleta. Assume-se que a farmacocinética da absorção de metformina14 é não-linear.
Nas doses e nos esquemas de dosagem habituais com a metformina14, as concentrações plasmáticas no estado de equílibrio são alcançadas dentro de 24 a 48 horas e são geralmente menores do que 1ìg/mL. Em ensaios clínicos32 controlados, os níveis plasmáticos máximos de metformina14 (Cmáx) não excederam 4 ìg/mL, mesmo com doses elevadas.
A alimentação diminui a extensão e atrasa levemente a absorção de metformina14. Foi observada, após administração de uma dose de 850 mg, uma concentração plasmática máxima 40% menor, uma diminuição de 25% na AUC16 (área sob a curva) e o prolongamento de 35 minutos do tempo da concentração plasmática máxima. A relevância clínica destas diminuições é desconhecida.
Distribuição
A ligação à proteína plasmática é insignificante. O pico sangüíneo é menor do que o pico plasmático e aparece aproximadamente ao mesmo tempo. Os eritrócitos33 representam, mais provavelmente, um segundo compartimento de distribuição. O volume de distribuição (Vd) médio varia entre 63 e 276 L.
Metabolismo20
A metformina14 é excretada inalterada na urina23. Nenhum metabólito22 foi identificado em humanos.
Eliminação
A depuração (clearance) da metformina14 é > 400 mL/min, indicando que a metformina14 é eliminada por filtração glomerular e secreção tubular. Após uma dose oral, a meia-vida aparente de eliminação terminal é de aproximadamente 6,5 horas.
Quando a função renal34 está comprometida, a depuração renal34 é diminuída em proporção àquela da creatinina35 e assim, a meia-vida de eliminação é prolongada, conduzindo ao aumento dos níveis de metformina14 no plasma36.
Dados de segurança pré-clínicos
Nateglinida
Os dados pré-clínicos não revelaram risco especial para os humanos, com base nos estudos convencionais de farmacologia37 de segurança, toxicidade38 de doses repetidas, genotoxicidade, potencial carcinogênico e toxicidade38 na reprodução39.
Metformina14
A toxicidade38 de metformina14 é relativamente baixa. Não há indicações para afecção40 da fertilidade em ratos machos ou fêmeas que receberam diariamente duas vezes a dose diária recomendada para humanos. Nenhum desvio foi encontrado nos estudos teratogênicos41 em ratos. Os estudos não indicaram que a metformina14 seja potencialmente mutagênica ou carcinogênica.