INFORMAÇÕES TÉCNICAS CLORIDRATO DE VANCOMICINA
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS
O cloridrato de vancomicina é um glicopeptídeo tricíclico, derivado de cepas1 de Amycolatopsis orientalis (anteriormente Nocardia orientalis), cromatograficamente purificado de fórmula molecular C66H75Cl2N9O24 . HCl. O peso molecular é 1.486 g/mol de vancomicina base é equivalente a 0,34 mmol.
CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS
Farmacologia2 clínica
O cloridrato de vancomicina é administrado por via intravenosa para o tratamento de infecções3 sistêmicas, uma vez que é muito pouco absorvido por via oral. A injeção intramuscular4 é dolorosa.
Em pacientes com função renal5 normal, doses intravenosas múltiplas de 500 mg, infundidas em 30 minutos, produzem concentrações plasmáticas médias de 49 mcg/mL, imediatamente após o final da infusão e cerca de 19 mcg/mL, 2 horas após a infusão e concentração plasmática média de cerca de 10 mcg/mL, 6 horas após a infusão. As concentrações plasmáticas com doses múltiplas são similares às com doses únicas. A meia-vida média de eliminação da vancomicina do plasma6 é de 4 a 6 horas em pacientes com função renal5 normal. Nas primeiras 24 horas, cerca de 75% da dose administrada é excretada na urina7 por filtração glomerular. O clearance plasmático médio é cerca de 0,058 litros/kg/hora e o clearance renal5 médio é cerca de 0,048 litros/kg/hora. A insuficiência renal8 diminui a excreção da vancomicina. Em pacientes anéfricos, o tempo de eliminação é de 7,5 dias. O coeficiente de distribuição é de 0,3 a 0,43 litros/kg. Não existe metabolismo9 aparente da droga. Cerca de 60% de uma dose intraperitoneal é absorvida sistemicamente em 6 horas. Concentrações séricas de aproximadamente 10 mcg/mL são alcançadas por injeção10 intraperitoneal de 30 mg/kg. Apesar da vancomicina não ser efetivamente removida tanto por hemodiálise11 quanto por diálise peritoneal12, há relatos de aumento de clearance com hemoperfusão e hemofiltração. Os clearances sistêmico13 e renal5 da vancomicina podem estar diminuídos nos pacientes idosos.
A ligação protéica do cloridrato de vancomicina é de aproximadamente 55%, quando medida por ultrafiltração numa concentração sérica de 10-100 mcg/mL.
Após administração intravenosa de cloridrato de vancomicina, concentrações inibitórias são encontradas nos líquidos pleural, pericárdio14, ascítico e sinovial, na urina7, no líquido de diálise peritoneal12 e no tecido15 do apêndice atrial16. O cloridrato de vancomicina não se difunde prontamente através das meninges17 normais para o líquido cefalorraquiano18, ocorrendo penetração quando as meninges17 estão inflamadas.
Microbiologia - A ação bactericida da vancomicina resulta, principalmente, da inibição da biossíntese da parede celular, da alteração da permeabilidade19 da membrana citoplasmática e da síntese do ARN (ácido ribonucleico). Não há resistência cruzada entre o cloridrato de vancomicina e outros antibióticos.
O cloridrato de vancomicina é ativo contra estafilococos, incluindo Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis (incluindo cepas1 heterogêneas resistentes à meticilina); estreptococos, Streptococcus pyogenes e Streptococcus pneumoniae (incluindo cepas1 resistentes à penicilina); Streptococcus agalactiae, grupo viridans, Streptococcus bovis e enterococos, Enterococcus faecalis (anteriormente Streptococcus faecalis); Clostridium difficile (incluindo cepas1 toxigênicas, relacionadas com enterocolites pseudomembranosas) e difteróides. Outros microrganismos que são sensíveis ao cloridrato de vancomicina in vitro incluem Listeria monocytogenes, Lactobacillus sp., Actinomyces sp., Clostridium sp. e Bacillus sp.
O cloridrato de vancomicina não é ativa in vitro contra bacilos gram-negativos, micobactérias ou fungos.
Sinergismo - A combinação de cloridrato de vancomicina e um aminoglicosídeo atua sinergicamente in vitro contra muitas cepas1 de S. aureus, estreptococos não enterococos do grupo D, enterococos, Streptococcus sp. (grupo viridans). Deve ser obtido material para cultura, a fim de isolar, identificar e determinar a sensibilidade do microorganismo causal ao cloridrato de vancomicina.
Teste de sensibilidade a discos - O método de disco padronizado descrito pelo Comitê Nacional para Padrões Laboratoriais Clínicos foi recomendado para o teste de sensibilidade à vancomicina. Os resultados dos testes de sensibilidade, usando discos de 30 mcg de cloridrato de vancomicina, devem ser interpretados de acordo com os seguintes critérios: microrganismos sensíveis produzem halo de inibição maior ou igual a 12 mm, indicando que o microrganismo pode responder muito bem ao tratamento; microrganismos que produzem halo de 10 a 11 mm são considerados de sensibilidade intermediária.
Os microrganismos nesta categoria provavelmente respondem ao tratamento se a infecção20 estiver confinada a tecidos ou líquidos orgânicos, nos quais concentrações elevadas do antibiótico são alcançadas. Microrganismos resistentes produzem halo de inibição igual ou menor a 9 mm, indicando que outra terapêutica21 deve ser selecionada.
Usando o método de diluição padronizado, uma bactéria22 isolada pode ser considerada sensível se o valor da CIM para cloridrato de vancomicina for igual ou menor que 4 mcg/mL. São considerados resistentes à vancomicina se a CIM for maior ou igual a 16 mcg/mL. Os microrganismos que têm uma CIM menor que 16 mcg/ml e maior que 4 mcg/mL são considerados de sensibilidade intermediária.
Procedimentos padronizados requerem o uso de cepas1 de microrganismos de controle. Os discos de 30 μg de vancomicina devem produzir halos de inibição com diâmetro entre 15 e 19 mm para S. aureus ATCC 25923. Da mesma forma que os métodos de difusão padronizados, os procedimentos de diluição requerem o uso de cepas1 de microrganismos de controle. A vancomicina padrão deve dar valores de CIM variando de 0,5 a 2,0 mcg/mL para o S. aureus ATCC 29213. Para o E. faecalis ATCC 29212, a variação da CIM deverá ser de 1 a 4 mcg/ml.