REAÇÕES ADVERSAS CISPLATINA

Atualizado em 25/05/2016

A nefrotoxicidade1 é um fator dose-dependente, cumulativa e pode ser limitante para a continuação do tratamento com a CISPLATINA. Já foi observado com uma dose única de 50 mg/m² de CISPLATINA, o desenvolvimento de uma toxicidade2 renal3 em 28% a 36% dos pacientes, com o aumento da uremia4 e da creatininemia, assim como diminuição do clearance da creatinina5, após duas semanas do tratamento. A toxicidade2 renal3 torna-se mais prolongada e severa com repetidos cursos de tratamento. A função renal3 deve voltar ao normal antes que outra dose de CISPLATINA seja administrada. Prejuízo da função renal3 tem sido associado com dano dos túbulos renais. A administração de CISPLATINA usando uma infusão de 6-8 horas com hidratação intravenosa e manitol têm reduzido a nefrotoxicidade1. Contudo, a nefrotoxicidade1 ainda pode ocorrer após a utilização desses procedimentos. Tém ocorrido hiperuricemia, que é mais pronunciada após doses maiores que 50 mg/m²; a terapia com alopurinol reduz efetivamente os níveis de ácido úrico.

Tém-se observado ototoxicidade6 em 31% dos pacientes tratados com uma dose única de 50 mg/m², verificada por tinitus e/ou perda da acuidade auditiva de alguns pacientes, principalmente para as altas freqüências (4.000 a 8.000 Hz). Pode ocorrer ocasionalmente perda da habilidade de escutar tons de conversa normal. Os efeitos ototóxicos são mais severos em crianças. A perda da audição pode ser unilateral ou bilateral e tende a ser mais freqüente e severa com doses repetidas.Ototoxicidade6 pode ser inibida com irradiação craniana anterior ou simultânea. Toxicidade2 vestibular7 também tém sido observada.

A neurotoxicidade é, usualmente, caracterizada por neuropatias periféricas, que ocorrem após tratamentos prolongados (4 a 7 meses); contudo, sintomas8 neurológicos têm sido observados após uma dose única. A terapia deve ser descontinuada quando os primeiros sintomas8 forem observados. Sinal9 de Lhermitte e neuropatia autonômica10 também têm sido observados. Podem ocorrer alterações da gustação ou da sensibilidade táctil.

Podem ocorrer, infreqüentemente, neurite11 óptica, papiledema e cegueira cerebral, em pacientes recebendo as doses recomendadas. Ocorre melhora e/ou recuperação total com a suspensão do tratamento. Têm-se usado esteróides, com ou sem manitol, sem se estabelecer, contudo, sua eficácia. Com regimes de altas doses ou freqüência de doses maior que a recomendada têm-se observado visão12 turvada e alteração na percepção de cores. O único achado no exame fundoscópico é pigmentação retinal irregular da área macular.

Ocorre mielosupressão em 25% a 30% dos pacientes tratados com CISPLATINA. O nadir das plaquetas13 e leucócitos14 ocorre entre os dias 18 e 23 (faixa de 7,5 a 45), sendo que a maioria dos pacientes se recupera por volta do dia 39 (faixa de 13 a 62). Leucopenia15 ou trombocitopenia16 são mais pronunciadas em altas doses (> 50 mg/m²). Anemia17 (diminuição de 2 g de hemoglobina18/ 100 ml) ocorre aproximadamente com a mesma freqüência e no mesmo tempo que a leucopenia15 e trombocitopenia16.

Em quase todos os pacientes, a partir de 1 a 4 horas da administração da CISPLATINA, verificam-se náuseas19 e vômitos20, que muitas vezes serão limitantes ao tratamento. Podem persistir após uma semana do tratamento.

No caso de reações do tipo anafilactóide, as quais podem surgir logo aos primeiros minutos de administração da droga, como edema21 facial, angioedema22, urticária23, dispnéia24, taquicardia25, hipotensão26, etc., deve-se imediatamente suspender o tratamento e entrar-se com epinefrina, corticosteróides, adrenalina27 ou anti-histamínicos intravenosamente.

Têm-se observado hipomagnesemia, hipocalcemia28, hiponatremia29, hipocalemia30 e hipofosfatemia em pacientes tratados com CISPLATINA e estão provavelmente relacionados com danos dos túbulos renais. Têm-se observado tetania31 nos pacientes com hipocalcemia28 e hipomagnesemia. Tém-se observado, também, síndrome32 inapropriada de hormônio33 antidiurético.

Muito mais raramente foram assinaladas anorexia34, aumento de transaminases, alterações cardíacas, infarto do miocárdio35, acidente cerebrovascular, microangiopatia trombótica36, arterite cerebral e alopecia37.

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Complementos

1 Nefrotoxicidade: É um dano nos rins causado por substâncias químicas chamadas nefrotoxinas.
2 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
3 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
4 Uremia: Doença causada pelo armazenamento de uréia no organismo devido ao mal funcionamento renal. Os sintomas incluem náuseas, vômitos, perda de apetite, fraqueza e confusão mental.
5 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
6 Ototoxicidade: Dano causado aos sistemas coclear e/ou vestibular resultante de exposição a substâncias químicas.
7 Vestibular: 1. O sistema vestibular é um dos sistemas que participam do equilíbrio do corpo. Ele contribui para três funções principais: controle do equilíbrio, orientação espacial e estabilização da imagem. Sintomas vestibulares são aqueles que mostram alterações neste sistema. 2. Exame que aprova e classifica os estudantes a serem admitidos nos cursos superiores.
8 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
9 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
10 Neuropatia autonômica: Tipo de neuropatia que afeta pulmões, coração, estômago, intestino, bexiga e órgãos genitais.
11 Neurite: Inflamação de um nervo. Pode manifestar-se por neuralgia, déficit sensitivo, formigamentos e/ou diminuição da força muscular, dependendo das características do nervo afetado (sensitivo ou motor). Esta inflamação pode ter causas infecciosas, traumáticas ou metabólicas.
12 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
13 Plaquetas: Elemento do sangue (não é uma célula porque não apresenta núcleo) produzido na medula óssea, cuja principal função é participar da coagulação do sangue através da formação de conglomerados que tamponam o escape do sangue por uma lesão em um vaso sangüíneo.
14 Leucócitos: Células sangüíneas brancas. Compreendem tanto os leucócitos granulócitos (BASÓFILOS, EOSINÓFILOS e NEUTRÓFILOS) como os não granulócitos (LINFÓCITOS e MONÓCITOS). Sinônimos: Células Brancas do Sangue; Corpúsculos Sanguíneos Brancos; Corpúsculos Brancos Sanguíneos; Corpúsculos Brancos do Sangue; Células Sanguíneas Brancas
15 Leucopenia: Redução no número de leucócitos no sangue. Os leucócitos são responsáveis pelas defesas do organismo, são os glóbulos brancos. Quando a quantidade de leucócitos no sangue é inferior a 6000 leucócitos por milímetro cúbico, diz-se que o indivíduo apresenta leucopenia.
16 Trombocitopenia: É a redução do número de plaquetas no sangue. Contrário de trombocitose. Quando a quantidade de plaquetas no sangue é inferior a 150.000/mm³, diz-se que o indivíduo apresenta trombocitopenia (ou plaquetopenia). As pessoas com trombocitopenia apresentam tendência de sofrer hemorragias.
17 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
18 Hemoglobina: Proteína encarregada de transportar o oxigênio desde os pulmões até os tecidos do corpo. Encontra-se em altas concentrações nos glóbulos vermelhos.
19 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
20 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
21 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
22 Angioedema: Caracteriza-se por áreas circunscritas de edema indolor e não-pruriginoso decorrente de aumento da permeabilidade vascular. Os locais mais acometidos são a cabeça e o pescoço, incluindo os lábios, assoalho da boca, língua e laringe, mas o edema pode acometer qualquer parte do corpo. Nos casos mais avançados, o angioedema pode causar obstrução das vias aéreas. A complicação mais grave é o inchaço na garganta (edema de glote).
23 Urticária: Reação alérgica manifestada na pele como elevações pruriginosas, acompanhadas de vermelhidão da mesma. Pode afetar uma parte ou a totalidade da pele. Em geral é autolimitada e cede em pouco tempo, podendo apresentar períodos de melhora e piora ao longo de vários dias.
24 Dispnéia: Falta de ar ou dificuldade para respirar caracterizada por respiração rápida e curta, geralmente está associada a alguma doença cardíaca ou pulmonar.
25 Taquicardia: Aumento da frequência cardíaca. Pode ser devido a causas fisiológicas (durante o exercício físico ou gravidez) ou por diversas doenças como sepse, hipertireoidismo e anemia. Pode ser assintomática ou provocar palpitações.
26 Hipotensão: Pressão sanguínea baixa ou queda repentina na pressão sanguínea. A hipotensão pode ocorrer quando uma pessoa muda rapidamente de uma posição sentada ou deitada para a posição de pé, causando vertigem ou desmaio.
27 Adrenalina: 1. Hormônio secretado pela medula das glândulas suprarrenais. Atua no mecanismo da elevação da pressão sanguínea, é importante na produção de respostas fisiológicas rápidas do organismo aos estímulos externos. Usualmente utilizado como estimulante cardíaco, como vasoconstritor nas hemorragias da pele, para prolongar os efeitos de anestésicos locais e como relaxante muscular na asma brônquica. 2. No sentido informal significa disposição física, emocional e mental na realização de tarefas, projetos, etc. Energia, força, vigor.
28 Hipocalcemia: É a existência de uma fraca concentração de cálcio no sangue. A manifestação clínica característica da hipocalcemia aguda é a crise de tetania.
29 Hiponatremia: Concentração de sódio sérico abaixo do limite inferior da normalidade; na maioria dos laboratórios, isto significa [Na+] < 135 meq/L, mas o ponto de corte [Na+] < 136 meq/L também é muito utilizado.
30 Hipocalemia: Concentração sérica de potássio inferior a 3,5 mEq/l. Pode ocorrer por alterações na distribuição de potássio (desvio do compartimento extracelular para intracelular) ou de reduções efetivas no conteúdo corporal de potássio por uma menor ingesta ou por perda aumentada. Fraqueza muscular e arritimias cardíacas são os sinais e sintomas mais comuns, podendo haver também poliúria, polidipsia e constipação. Pode ainda ser assintomática.
31 Tetania: Espasmos e contraturas dos músculos das mãos e pés, e menos freqüentemente dos músculos da face, da laringe (cordas vocais) e da coluna vertebral. Inicialmente, são indolores; mas tendem a tornar-se cada vez mais dolorosos. É um sintoma de alterações bioquímicas do corpo humano e não deve ser confundida com o tétano, que é uma infecção. A causa mais comum é a hipocalcemia (nível baixo de cálcio no sangue). Outras causas incluem hipocalemia (nível baixo de potássio no sangue), hiperpnéia (frequência respiratória anormalmente profunda e rápida, levando a baixos níveis de dióxido de carbono), ou mais raramente de hipoparatiroidismo (atividade diminuída das glândulas paratiróides). Recentemente, considera-se que a hipomagnesemia (nível baixo de magnésio no sangue) é também um dos fatores causais desta situação clínica.
32 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
33 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
34 Anorexia: Perda do apetite ou do desejo de ingerir alimentos.
35 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
36 Trombótica: Relativo à trombose, ou seja, à formação ou desenvolvimento de um trombo (coágulo).
37 Alopécia: Redução parcial ou total de pêlos ou cabelos em uma determinada área de pele. Ela apresenta várias causas, podendo ter evolução progressiva, resolução espontânea ou ser controlada com tratamento médico. Quando afeta todos os pêlos do corpo, é chamada de alopécia universal.

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