REAÇÕES ADVERSAS CISPLATINA
A nefrotoxicidade1 é um fator dose-dependente, cumulativa e pode ser limitante para a continuação do tratamento com a CISPLATINA. Já foi observado com uma dose única de 50 mg/m² de CISPLATINA, o desenvolvimento de uma toxicidade2 renal3 em 28% a 36% dos pacientes, com o aumento da uremia4 e da creatininemia, assim como diminuição do clearance da creatinina5, após duas semanas do tratamento. A toxicidade2 renal3 torna-se mais prolongada e severa com repetidos cursos de tratamento. A função renal3 deve voltar ao normal antes que outra dose de CISPLATINA seja administrada. Prejuízo da função renal3 tem sido associado com dano dos túbulos renais. A administração de CISPLATINA usando uma infusão de 6-8 horas com hidratação intravenosa e manitol têm reduzido a nefrotoxicidade1. Contudo, a nefrotoxicidade1 ainda pode ocorrer após a utilização desses procedimentos. Tém ocorrido hiperuricemia, que é mais pronunciada após doses maiores que 50 mg/m²; a terapia com alopurinol reduz efetivamente os níveis de ácido úrico.
Tém-se observado ototoxicidade6 em 31% dos pacientes tratados com uma dose única de 50 mg/m², verificada por tinitus e/ou perda da acuidade auditiva de alguns pacientes, principalmente para as altas freqüências (4.000 a 8.000 Hz). Pode ocorrer ocasionalmente perda da habilidade de escutar tons de conversa normal. Os efeitos ototóxicos são mais severos em crianças. A perda da audição pode ser unilateral ou bilateral e tende a ser mais freqüente e severa com doses repetidas.Ototoxicidade6 pode ser inibida com irradiação craniana anterior ou simultânea. Toxicidade2 vestibular7 também tém sido observada.
A neurotoxicidade é, usualmente, caracterizada por neuropatias periféricas, que ocorrem após tratamentos prolongados (4 a 7 meses); contudo, sintomas8 neurológicos têm sido observados após uma dose única. A terapia deve ser descontinuada quando os primeiros sintomas8 forem observados. Sinal9 de Lhermitte e neuropatia autonômica10 também têm sido observados. Podem ocorrer alterações da gustação ou da sensibilidade táctil.
Podem ocorrer, infreqüentemente, neurite11 óptica, papiledema e cegueira cerebral, em pacientes recebendo as doses recomendadas. Ocorre melhora e/ou recuperação total com a suspensão do tratamento. Têm-se usado esteróides, com ou sem manitol, sem se estabelecer, contudo, sua eficácia. Com regimes de altas doses ou freqüência de doses maior que a recomendada têm-se observado visão12 turvada e alteração na percepção de cores. O único achado no exame fundoscópico é pigmentação retinal irregular da área macular.
Ocorre mielosupressão em 25% a 30% dos pacientes tratados com CISPLATINA. O nadir das plaquetas13 e leucócitos14 ocorre entre os dias 18 e 23 (faixa de 7,5 a 45), sendo que a maioria dos pacientes se recupera por volta do dia 39 (faixa de 13 a 62). Leucopenia15 ou trombocitopenia16 são mais pronunciadas em altas doses (> 50 mg/m²). Anemia17 (diminuição de 2 g de hemoglobina18/ 100 ml) ocorre aproximadamente com a mesma freqüência e no mesmo tempo que a leucopenia15 e trombocitopenia16.
Em quase todos os pacientes, a partir de 1 a 4 horas da administração da CISPLATINA, verificam-se náuseas19 e vômitos20, que muitas vezes serão limitantes ao tratamento. Podem persistir após uma semana do tratamento.
No caso de reações do tipo anafilactóide, as quais podem surgir logo aos primeiros minutos de administração da droga, como edema21 facial, angioedema22, urticária23, dispnéia24, taquicardia25, hipotensão26, etc., deve-se imediatamente suspender o tratamento e entrar-se com epinefrina, corticosteróides, adrenalina27 ou anti-histamínicos intravenosamente.
Têm-se observado hipomagnesemia, hipocalcemia28, hiponatremia29, hipocalemia30 e hipofosfatemia em pacientes tratados com CISPLATINA e estão provavelmente relacionados com danos dos túbulos renais. Têm-se observado tetania31 nos pacientes com hipocalcemia28 e hipomagnesemia. Tém-se observado, também, síndrome32 inapropriada de hormônio33 antidiurético.
Muito mais raramente foram assinaladas anorexia34, aumento de transaminases, alterações cardíacas, infarto do miocárdio35, acidente cerebrovascular, microangiopatia trombótica36, arterite cerebral e alopecia37.