
CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS ZOMETA
Farmacodinâmica
Grupo farmacoterapêutico: bisfosfonato, código ATC: M05 BA08.
O ácido zoledrônico pertence a uma nova classe de bisfosfonatos altamente potentes que atuam especificamente no osso. É um dos mais potentes inibidores da reabsorção óssea osteoclástica conhecida até o momento.
A ação seletiva dos bisfosfonatos no osso é baseada na sua elevada afinidade por osso mineralizado, mas o mecanismo molecular preciso que conduz à inibição da atividade osteoclástica é ainda desconhecido. Nos estudos a longo prazo em animais, o ácido zoledrônico inibe a reabsorção óssea sem afetar adversamente a formação, mineralização ou propriedades mecânicas do osso.
Além de ser um inibidor muito potente da reabsorção óssea, o ácido zoledrônico também tem várias propriedades antitumorais que poderiam contribuir para a sua eficácia global no tratamento da doença óssea metastática. As seguintes propriedades foram demonstradas nos estudos pré-clínicos:
In vivo: inibição da reabsorção óssea osteoclástica, alterando o microambiente da medula óssea1, tornando-a menos propícia ao crescimento das células2 tumorais, atividade anti-angiogênica e atividade antinociceptiva.
In vitro: inibição da proliferação dos osteoblastos, atividade citostática e pró-apoptótica direta sobre as células2 tumorais, efeito citostático3 sinérgico com outros fármacos antineoplásicos e atividade anti-adesão/invasão.
Farmacocinética
Infusões únicas e múltiplas de 2, 4, 8 e 16 mg de ácido zoledrônico, com a duração de 5 e 15 minutos, em 64 pacientes com metástases4 ósseas originaram os seguintes dados farmacocinéticos, que se verificou serem independentes da dose.
Após início da infusão de ácido zoledrônico, as concentrações plasmáticas de fármaco5 aumentaram rapidamente, atingindo o máximo no final do período de infusão, seguindo-se uma rápida diminuição para < 10% do valor máximo após 4 horas e < 1% do valor máximo após 24 horas, com um período subseqüente prolongado de concentrações muito baixas, não excedendo 0,1% do valor máximo previamente à segunda infusão do fármaco5 no dia 28.
O ácido zoledrônico administrado intravenosamente é eliminado em três fases: desaparecimento bifásico rápido da circulação6 sistêmica, com meia-vida t1/2alfa de 0,24 e t1/2
beta de 1,87 horas, seguido de uma longa fase de eliminação, com meia-vida de eliminação terminal t1/2
gamma de 146 horas. Não ocorreu acúmulo de fármaco5 no plasma7 após administração de doses múltiplas do fármaco5 a cada 28 dias. O ácido zoledrônico não é metabolizado e é excretado inalterado por via renal8. Durante as primeiras 24 horas, 39 ± 16% da dose administrada é recuperada na urina9, enquanto a restante se encontra ligada principalmente ao tecido ósseo10. Do tecido ósseo10 é liberado novamente para a circulação6 sistêmica, muito lentamente, e eliminado por via renal8. O clearance (depuração) corpóreo total é de 5,04 ± 2,5 L/h, independentemente da dose, e não é afetado pelo sexo, idade, raça ou peso corpóreo. O aumento do tempo de infusão de 5 para 15 minutos provocou uma diminuição de 30% na concentração de ácido zoledrônico no final da infusão, no entanto não demonstrou alteração na área sob a curva, da concentração plasmática versus tempo.
Não estão disponíveis dados de farmacocinética para o ácido zoledrônico em pacientes com hipercalcemia ou em pacientes com insuficiência hepática11. O ácido zoledrônico não inibe as enzimas do P450 humano in vitro , não demonstrou biotransformação, e em estudos em animais, menos de 3% da dose administrada foi recuperada nas fezes, sugerindo a não existência de um papel relevante da função hepática12 na farmacocinética do ácido zoledrônico.
O clearance (depuração) renal8 do ácido zoledrônico foi correlacionado com o clearance (depuração) da creatinina13 de forma significativamente positiva, em que o clearance (depuração) renal8 representa 75 ± 33% do clearance (depuração) da creatinina13, a qual mostrou valores médios de 84 ± 29 mL/min (média de 22 a 143 mL/min) nos 64 pacientes com câncer14 estudados. A análise populacional mostrou que para um paciente com clearance (depuração) da creatinina13 de 20 mL/min (insuficiência renal15 grave), ou 50 mL/min (insuficiência16 moderada), estima-se um clearance (depuração) correspondente para o ácido zoledrônico de 37% ou 72%, respectivamente, daquele de um paciente com clearance (depuração) da creatinina13 de 84 mL/min. Os dados disponíveis em pacientes com insuficiência renal15 grave são limitados [clearance (depuração) da creatinina13 < 30 mL/min].
O ácido zoledrônico não demonstra afinidade para os componentes celulares do sangue17 e a ligação às proteínas18 plasmáticas é baixa (aproximadamente 56%) e independente da concentração de ácido zoledrônico.
Dados de Segurança pré-clínicos
Toxicidade19 aguda
A dose única não letal intravenosa mais elevada foi de 10 mg/kg de peso corpóreo em camundongos e 0,6 mg/kg em ratos.
Toxicidade19 subcrônica e crônica
O ácido zoledrônico foi bem tolerado quando administrado por via subcutânea20 em ratos e por via intravenosa em cães em doses diárias de até 0,02 mg/kg, durante 4 semanas. A administração por até 52 semanas, de 0,001 mg/kg/dia por via subcutânea20 em ratos e 0,005 mg/kg/dia por via intravenosa em cães foi igualmente bem tolerada.
Toxicidade19 na reprodução21
O ácido zoledrônico demonstrou-se teratogênico22 no rato em doses subcutâneas ? 0,2 mg/kg. Apesar de não se ter observado teratogenicidade ou fetotoxicidade em coelhos, verificou-se toxicidade19 materna.
Potencial mutagênico e carcinogênico
O ácido zoledrônico não foi mutagênico nos testes de mutagenicidade realizados e os testes de carcinogenicidade não forneceram quaisquer evidências de potencial carcinogênico.
Tolerância local
A tolerância local testada em coelhos mostrou que a administração intravenosa foi bem tolerada.