POSOLOGIA DESFERAL

Atualizado em 24/05/2016

Tratamento da sobrecarga crônica de ferro: O principal objetivo da terapia de quelação no tratamento da sobrecarga de ferro, em pacientes jovens é se atingir o equilíbrio do ferro e prevenir a hemossiderose1, ao passo que, em pacientes idosos o equilíbrio negativo do ferro é desejável a fim de se reduzir, lentamente, a deposição elevada de ferro e prevenir-se os efeitos tóxicos desse metal.Crianças e adultos:
É recomendável que a terapia com DESFERAL seja iniciada após as 10-15 primeiras transfusões sangüíneas ou quando o nível sérico de ferritina tenha atingido 1000 ng/ml.
A dosagem e o modo de administração devem ser determinados individualmente e adaptados durante a terapia, de acordo com a gravidade da sobrecarga de ferro no paciente. A fim de se avaliar a resposta à terapia de quelação, a taxa de ferro, na urina2 de 24 horas, deve ser inicialmente monitorizada diariamente e estabelecida a resposta às doses aumentadas de DESFERAL, iniciando-se o tratamento com dose diária de 500 mg, que será aumentada até se alcançar nível estável de excreção de ferro. Uma vez estabelecida a dose apropriada, as taxas de excreção de ferro pela urina2 devem ser avaliadas em intervalos de algumas semanas. Geralmente a dose diária média situa-se entre 20 e 60 mg/kg. Os pacientes com níveis séricos de ferritina menores que 2000 ng/ml exigem cerca de 25 mg/kg/dia. Os pacientes com níveis séricos de ferritina entre 2000 e 3000 ng/ml exigem cerca de 35 mg/kg/dia. Doses maiores devem ser administradas somente se os benefícios ao paciente superarem os riscos de efeitos colaterais3, associados a altas doses diárias repetidas.
A administração subcutânea4 lenta por período de 8-12 horas, por meio de bomba de infusão portátil, é considerada efetiva e especialmente conveniente para pacientes5 ambulatoriais, mas pode também ser administrada por período de 24 horas. DESFERAL deve ser utilizado com a bomba 4 a 7 vezes por semana, dependendo da gravidade da sobrecarga de ferro.
Administração intramuscular:
Como as infusões subcutâneas são mais efetivas, as injeções intramusculares são administradas somente quando as infusões subcutâneas não forem viáveis.
Infusão intravenosa durante transfusão6 de sangue7.
A disponibilidade de uma conexão intravenosa durante transfusões de sangue7 torna possível administrar-se uma infusão intravenosa, sem inconveniente adicional ao paciente. Isso é especialmente útil a pacientes que respondem inadequadamente à infusão subcutânea4.
Infusão intravenosa contínua.
Quando se conduzir quelação intensiva domiciliar, podem ser utilizados sistemas intravenosos implantados. A infusão intravenosa contínua é indicada a pacientes incapacitados para a infusão subcutânea4 contínua e naqueles que tenham problemas cardíacos secundários ao acúmulo de ferro. A dose de DESFERAL depende da extensão do acúmulo de ferro do paciente. A excreção urinária de 24 horas deve ser mensurada regularmente, e a dosagem reduzida de acordo.
Qualquer que seja a via de administração escolhida, a dose de manutenção individual a ser selecionada dependerá da taxa de excreção de ferro do paciente.
Utilização concomitante de vitamina8 C.
Os pacientes com acúmulo de ferro normalmente se tornam deficientes em vitamina8 C, provavelmente pela oxidação da vitamina8 pelo ferro. Como adjuvante da terapia quelante, doses diárias de até 200 mg de vitamina8 C podem ser administradas fracionadamente, iniciando-se após o primeiro mês de tratamento regular com DESFERAL (ver Precauções). Em geral, 50 mg são suficientes para crianças menores de 10 anos e 100 mg para crianças de mais idade. Doses maiores de vitamina8 C são ineficazes no aumento adicional de excreção de complexos de ferro.

Tratamento de intoxicação aguda por ferro. DESFERAL é um adjunto ao tratamento padrão geralmente utilizado para se tratar a intoxicação aguda por ferro. Após aspiração gástrica e lavagem, 5-10 g de DESFERAL em 50-100 ml de água devem ser administrados por via oral ou por tubo estomacal e devem ser deixados no estômago9 para quelar o ferro não absorvido pelo trato gastrintestinal. Entretanto, a eficácia de DESFERAL oral para esse objetivo não está claramente estabelecida.
Para se eliminar o ferro (Fe) já absorvido, DESFERAL deve ser administrado por via i.m. ou i.v., em:
todos os pacientes com nível sérico de Fe >500 µg/dl (89,5 µmol/litro),
qualquer paciente com nível sérico de Fe >350 µg/dl (62,6 µmol/litro) e evidência de Fe livre,
qualquer paciente com sinais10 e sintomas11 de intoxicação aguda por ferro, quando os níveis séricos de Fe não estiverem disponíveis.

Se o paciente estiver hipotenso ou em choque12, a via intravenosa é recomendada. A velocidade máxima para administração i.v. é de 15 mg/kg/hora e deve ser reduzida assim que a situação o permitir, em geral após 4 a 6 horas, de modo que a dose intravenosa total não exceda 80 mg/kg em um período de 24 horas.
A terapia deve continuar até que os níveis séricos de ferro sejam menores do que a capacidade total de ligação de ferro. A efetividade do tratamento é dependente da eliminação adequada na urina2, a fim de se assegurar que o complexo ferro- ferrioxamina seja excretado do organismo. Se ocorrer oligúria13 ou anúria14, podem-se tornar necessárias diálise15 peritonial, hemodiálise16 ou hemofiltração.

Tratamento de sobrecarga de alumínio em pacientes portadores de insuficiência renal17 terminal. Os complexos de alumínio e de ferro de DESFERAL são dialisáveis. Em pacientes com insuficiência renal17, sua eliminação pode ser aumentada por diálise15.
Pacientes com evidências de sintomas11 ou disfunção orgânica causados por sobrecarga de alumínio podem ser tratados com DESFERAL. Mesmo em pacientes assintomáticos, o tratamento com DESFERAL deve ser considerado, se os níveis séricos de alumínio forem consistentemente superiores a 60 ng/ml e estiverem associados a um teste para infusão de DESFERAL positivo (ver a seguir), particularmente se os achados de biópsia18 óssea apresentarem evidência de doença óssea relacionada ao alumínio.
DESFERAL deve ser administrado em dose de 5 mg/kg uma vez por semana (ver Instruções para uso), administrada como infusão intravenosa lenta durante os últimos 60 minutos de uma sessão de diálise15, para se reduzir a perda do fármaco19 livre no dialisado. Após completar os três primeiros meses de curso do tratamento com DESFERAL, acompanhado de um período de wash-out de 4 semanas, deve ser executado um teste de infusão de DESFERAL. Se dois testes de infusão de DESFERAL sucessivos, executados com intervalo de 1 mês, resultarem em níveis séricos de alumínio menores do que 75 ng/ml, acima da linha de base, não é recomendado tratamento adicional com DESFERAL.

Em pacientes sob diálise peritoneal20 ambulatorial contínua (DPAC) ou sob diálise peritoneal20 cíclica contínua (DPCC) DESFERAL pode ser administrado via i.m., por infusão lenta i.v. ou s.c. ou por via intraperitoneal. É recomendado que a via intraperitoneal seja utilizada nesses pacientes. DESFERAL deve ser administrado uma vez por semana a uma dose de 5 mg/Kg previamente à troca final do dia.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Hemossiderose: Acúmulo de hemossiderina nos tecidos. A hemossiderina é um pigmento ferroso, amarelo-escuro, encontrado em fagócitos e excretado pela urina, especialmente na hemocromatose e na hemossiderose.
2 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
3 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
4 Subcutânea: Feita ou situada sob a pele; hipodérmica.
5 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
6 Transfusão: Introdução na corrente sangüínea de sangue ou algum de seus componentes. Podem ser transfundidos separadamente glóbulos vermelhos, plaquetas, plasma, fatores de coagulação, etc.
7 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
8 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
9 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
10 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
11 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
12 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
13 Oligúria: Clinicamente, a oligúria é o débito urinário menor de 400 ml/24 horas ou menor de 30 ml/hora.
14 Anúria: Clinicamente, a anúria é o débito urinário menor de 400 ml/24 horas.
15 Diálise: Quando os rins estão muito doentes, eles deixam de realizar suas funções, o que pode levar a risco de vida. Nesta situação, é preciso substituir as funções dos rins de alguma maneira, o que pode ser feito realizando-se um transplante renal, ou através da diálise. A diálise é um tipo de tratamento que visa repor as funções dos rins, retirando as substâncias tóxicas e o excesso de água e sais minerais do organismo, estabelecendo assim uma nova situação de equilíbrio. Existem dois tipos de diálise: a hemodiálise e a diálise peritoneal.
16 Hemodiálise: Tipo de diálise que vai promover a retirada das substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo através da passagem do sangue por um filtro. A hemodiálise, em geral, é realizada 3 vezes por semana, em sessões com duração média de 3 a 4 horas, com o auxílio de uma máquina, dentro de clínicas especializadas neste tratamento. Para que o sangue passe pela máquina, é necessária a colocação de um catéter ou a confecção de uma fístula, que é um procedimento realizado mais comumente nas veias do braço, para permitir que estas fiquem mais calibrosas e, desta forma, forneçam o fluxo de sangue adequado para ser filtrado.
17 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
18 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
19 Fármaco: Qualquer produto ou preparado farmacêutico; medicamento.
20 Diálise peritoneal: Ao invés de utilizar um filtro artificial para “limpar“ o sangue, é utilizado o peritônio, que é uma membrana localizada dentro do abdômen e que reveste os órgãos internos. Através da colocação de um catéter flexível no abdômen, é feita a infusão de um líquido semelhante a um soro na cavidade abdominal. Este líquido, que chamamos de banho de diálise, vai entrar em contato com o peritônio, e por ele será feita a retirada das substâncias tóxicas do sangue. Após um período de permanência do banho de diálise na cavidade abdominal, este fica saturado de substâncias tóxicas e é então retirado, sendo feita em seguida a infusão de novo banho de diálise. Esse processo é realizado de uma forma contínua e é conhecido por CAPD, sigla em inglês que significa diálise peritoneal ambulatorial contínua. A diálise peritoneal é uma forma segura de tratamento realizada atualmente por mais de 100.000 pacientes no mundo todo.

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