CARACTERÍSTICAS CAPTOPRIL

Atualizado em 28/05/2016

Modo de AçãoO exato mecanismo de ação do captopril ainda não foi completamente elucidado. Os efeitos benéficos do captopril na hipertensão1 e na insuficiência cardíaca2 parecem resultar principalmente da supressão do sistema renina-angiotensina-aldosterona, resultando em concentrações séricas diminuídas de angiotensina II e aldosterona. Entretanto, não há uma correlação consistente entre os níveis da renina e a resposta à droga. A redução da angiotensina II leva a uma secreção diminuída de aldosterona e, como resultado, podem ocorrer pequenos aumentos de potássio sérico, juntamente com perda de sódio e fluidos.
A enzima3 conversora de angiotensina (ECA) é idêntica à bradicininase e o captopril também pode interferir na degradação da bradicinina4, provocando aumentos das concentrações de bradicinina4 ou de prostaglandina5 E2.

Farmacocinética
O captopril é rapidamente absorvido por via oral; os picos sangüíneos ocorrem em cerca de 1 hora. A absorção mínima média é de aproximadamente 75%. A presença de alimento no trato gastrintestinal reduz a absorção em cerca de 30 a 40% portanto, captopril deve ser administrado 1 hora antes das refeições.
Aproximadamente 25 à 30% da droga circulante liga-se às proteínas6 plasmáticas. A meia vida de eliminação aparente no sangue7 é, provavelmente, menor do que 3 horas. Mais de 95% da dose absorvida é eliminada na urina8: 40 a 50% como droga inalterada e o restante, como metabólitos9 (dímero dissulfeto do captopril e dissulfeto captopril-cisteína). O comprometimento renal10 pode resultar em acúmulo da droga. Estudos em animais indicam que o captopril não atravessa a barreira hemato-encefálica11 em quantidades significativas.

Farmacodinâmica
Reduções máximas da pressão arterial12 são freqüentemente observadas 60 à 90 minutos após administração oral de uma dose individual de captopril. A duração do efeito é relacionada à dose. A redução da pressão arterial12 pode ser progressiva; assim, para se atingir os efeitos terapêuticos máximos, podem ser necessárias várias semanas de tratamento. Os efeitos hipotensores do captopril e dos diuréticos13 tipo tiazídicos são aditivos. A pressão arterial12 é reduzida com a mesma intensidade, tanto na posição ereta, quanto supina. Os efeitos ortostáticos e taquicardia14 são infreqüentes, porém, podem ocorrer em pacientes com depleção15 de volume. Não foi observado nenhum aumento abrupto da pressão arterial12 após a interrupção súbita de captopril. Em pacientes com insuficiência cardíaca2, demonstrou-se reduções significativas da resistência vascular16 periférica (sistêmica) e da pressão arterial12 (pós-carga), redução da pressão capilar17 pulmonar (pré-carga) e da resistência vascular16 pulmonar. Demonstrou-se aumento do débito cardíaco18 e do tempo de tolerância ao exercício (TTE). Estes efeitos clínicos e hemodinâmicos ocorrem após a primeira dose e parecem persistir durante todo o período da terapia. Observou-se melhora clínica em alguns
pacientes onde os efeitos hemodinâmicos agudos foram mínimos.

Estudos Clínicos
captopril foi o primeiro inibidor da Enzima3 Conversora de Angiotensina (ECA) a comprovar eficácia na prevenção da morbidade19 e da mortalidade20 decorrentes da hipertensão1. O estudo CAPPP "Captopril Prevention Project" foi um estudo prospectivo21, randomizado22, de tipo aberto, com avaliação cega dos objetivos finais. Foram incluídos 10.985 pacientes, com idades entre 25 e 65 anos, com pressão arterial diastólica23 igual ou superior a 100 mmHg, foram randomizados para captopril ou para o tratamento anti-hipertensivo convencional (diuréticos13, beta-bloqueadores).
O captopril e o tratamento convencional não diferiram quanto à eficácia na prevenção da morbidade19 e mortalidade20 cardiovasculares (RR=1,05, p=0,52). captopril reduziu o risco de eventos cardiovasculares fatais (RR=0,77, p=0,091). captopril reduziu o risco de desenvolvimento de diabetes mellitus24 (RR=0,86; p=0,040). Nos pacientes hipertensos e diabéticos captopril reduziu o risco de eventos cardíacos totais (RR=0,54; p=0,034). Nos pacientes hipertensos recém-diagnosticados, ou seja, sem tratamento anti-hipertensivo prévio, captopril reduziu o risco de desenvolvimento de diabetes mellitus24 (RR=0,78, p=0,041) e também reduziu o risco de eventos cardiovasculares fatais em 46% (RR=0,54, p=0,015).
O tratamento com captopril resultou em melhoria da sobrevida25 a longo prazo e dos resultados clínicos no estudo SAVE - "Survival and Ventricular Enlargement", com 2.231 pacientes com infarto do miocárdio26.
O estudo multicêntrico, randomizado22, duplo-cego, controlado por placebo27, envolveu pacientes (com idade entre 21-79 anos) que demonstravam disfunção ventricular esquerda (fração de ejeção ? 40%) sem manifestação de insuficiência cardíaca2.
Especificamente, o captopril reduziu:
- todas as causas de mortalidade20 (redução do risco em 19%, p = 0,022);
- a incidência28 de morte cardiovascular (redução do risco em 21%, p= 0,017);
- manifestações de insuficiência cardíaca2, onde se faz necessário a introdução ou o aumento de digitálicos e diuréticos13 (redução do risco em 19%, p = 0,008) ou da terapia com inibidores da Enzima3 Conversora de Angiotensina (ECA) (redução do risco em 35%, p < 0,001);
- casos de hospitalização por insuficiência cardíaca2 (redução do risco em 20%, p = 0,034);
- casos de infarto do miocárdio26 clínico recorrente (redução do risco em 25%, p = 0,011);
- a necessidade de condutas de revascularização coronariana (revascularização cirúrgica do miocárdio29 e angioplastia30 coronária transluminal percutânea - redução do risco em 24%, p = 0,014).
O captopril melhorou a sobrevida25 e os resultados clínicos mesmo quando adicionada a outras terapias pós-infarto do miocárdio26, tais como com trombolíticos, beta-bloqueadores ou ácido acetilsalicílico.
Os mecanismos pelos quais o captopril resulta nessas melhorias incluem a atenuação da dilatação progressiva e da deterioração da função do ventrículo esquerdo e a inibição da ativação neuro-humoral31.
Em estudo multicêntrico, duplo-cego, controlado por placebo27 em 409 pacientes com diabetes mellitus24 insulino-dependentes, retinopatia e proteinúria32, com ou sem hipertensão1 (permitiu-se o tratamento com agentes anti-hipertensivos convencionais para se obter o controle da pressão arterial12), o tratamento com captopril resultou em redução de 51% do risco de duplicação da creatinina33 sérica (p? 0,01), além da redução em 51% do risco de morbidade19/mortalidade20 no estágio final da doença renal10 (diálise34 ou transplante renal10) ou morte (p? 0,01).
Os efeitos do tratamento com captopril sobre a manutenção da função renal10 são adicionais a qualquer benefício alcançado a partir da redução da pressão arterial12.
Nos pacientes com diabetes mellitus24 e microalbuminúria35, o captopril reduziu a taxa de excreção da albumina36 e atenuou o declínio da taxa de filtração gromerular durante 2 anos de tratamento.

Antes de consumir qualquer medicamento, consulte seu médico (http://www.catalogo.med.br).

Complementos

1 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
2 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
3 Enzima: Proteína produzida pelo organismo que gera uma reação química. Por exemplo, as enzimas produzidas pelo intestino que ajudam no processo digestivo.
4 Bradicinina: É um polipeptídio plasmático que tem função vasodilatadora e que se forma em resposta à presença de toxinas ou ferimentos no organismo.
5 Prostaglandina: É qualquer uma das várias moléculas estruturalmente relacionadas, lipossolúveis, derivadas do ácido araquidônico. Ela tem função reguladora de diversas vias metabólicas.
6 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
7 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
8 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
9 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
10 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
11 Encefálica: Referente a encéfalo.
12 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
13 Diuréticos: Grupo de fármacos que atuam no rim, aumentando o volume e o grau de diluição da urina. Eles depletam os níveis de água e cloreto de sódio sangüíneos. São usados no tratamento da hipertensão arterial, insuficiência renal, insuficiência cardiaca ou cirrose do fígado. Há dois tipos de diuréticos, os que atuam diretamente nos túbulos renais, modificando a sua atividade secretora e absorvente; e aqueles que modificam o conteúdo do filtrado glomerular, dificultando indiretamente a reabsorção da água e sal.
14 Taquicardia: Aumento da frequência cardíaca. Pode ser devido a causas fisiológicas (durante o exercício físico ou gravidez) ou por diversas doenças como sepse, hipertireoidismo e anemia. Pode ser assintomática ou provocar palpitações.
15 Depleção: 1. Em patologia, significa perda de elementos fundamentais do organismo, especialmente água, sangue e eletrólitos (sobretudo sódio e potássio). 2. Em medicina, é o ato ou processo de extração de um fluido (por exxemplo, sangue) 3. Estado ou condição de esgotamento provocado por excessiva perda de sangue. 4. Na eletrônica, em um material semicondutor, medição da densidade de portadores de carga abaixo do seu nível e do nível de dopagem em uma temperatura específica.
16 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
17 Capilar: 1. Na medicina, diz-se de ou tubo endotelial muito fino que liga a circulação arterial à venosa. Qualquer vaso. 2. Na física, diz-se de ou tubo, em geral de vidro, cujo diâmetro interno é diminuto. 3. Relativo a cabelo, fino como fio de cabelo.
18 Débito cardíaco: Quantidade de sangue bombeada pelo coração para a aorta a cada minuto.
19 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
20 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
21 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
22 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
23 Pressão arterial diastólica: É a pressão mais baixa detectada no sistema arterial sistêmico, observada durante a fase de diástole do ciclo cardíaco. É também denominada de pressão mínima.
24 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
25 Sobrevida: Prolongamento da vida além de certo limite; prolongamento da existência além da morte, vida futura.
26 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
27 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
28 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
29 Miocárdio: Tecido muscular do CORAÇÃO. Composto de células musculares estriadas e involuntárias (MIÓCITOS CARDÍACOS) conectadas, que formam a bomba contrátil geradora do fluxo sangüíneo. Sinônimos: Músculo Cardíaco; Músculo do Coração
30 Angioplastia: Método invasivo mediante o qual se produz a dilatação dos vasos sangüíneos arteriais afetados por um processo aterosclerótico ou trombótico.
31 Neuro-humoral: Relativo a sistemas regulatórios neurais e humorais (hormonais).
32 Proteinúria: Presença de proteínas na urina, indicando que os rins não estão trabalhando apropriadamente.
33 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
34 Diálise: Quando os rins estão muito doentes, eles deixam de realizar suas funções, o que pode levar a risco de vida. Nesta situação, é preciso substituir as funções dos rins de alguma maneira, o que pode ser feito realizando-se um transplante renal, ou através da diálise. A diálise é um tipo de tratamento que visa repor as funções dos rins, retirando as substâncias tóxicas e o excesso de água e sais minerais do organismo, estabelecendo assim uma nova situação de equilíbrio. Existem dois tipos de diálise: a hemodiálise e a diálise peritoneal.
35 Microalbuminúria: Pequena quantidade da proteína chamada albumina presente na urina, detectável por exame laboratorial. É um sinal precoce de dano aos rins (nefropatia), uma complicação comum e séria do diabetes. A ADA (American Diabetes Association) recomenda que as pessoas com diabetes tipo 2 testem a microalbuminúria no momento do diagnóstico e uma vez por ano após o diagnóstico. Pessoas com diabetes tipo 1 devem ser testadas após 5 anos do diagnóstico e a cada ano após o diagnóstico. A microalbuminúria é evitada com o controle da glicemia, redução na pressão sangüínea e modificação na dieta.
36 Albumina: Proteína encontrada no plasma, com importantes funções, como equilíbrio osmótico, transporte de substâncias, etc.

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.