CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS MERITOR
MERITOR é um medicamento composto pela combinação de glimepirida1 e metformina2.
A glimepirida1 é uma sulfonilureia de terceira geração, apresentando ação mais potente, melhor tolerabilidade e menor risco de ocorrência de efeitos adversos em comparação às drogas de primeira geração, além de atuar também sobre a hiperglicemia3 pós-prandial.
Sua ação se dá tanto por mecanismos pancreáticos como extrapancreáticos e diferentemente de outras sulfonilureias4, a glimepirida1 preserva a resposta cardioprotetora à isquemia5 em função de apresentar diferenças na sua afinidade por sítios de ligação dos receptores pancreáticos.
Os estudos clínicos têm demonstrado que o uso da glimepirida1 nas dosagens de 1 a 8 mg/dia mostra-se seguro e efetivo na redução dos níveis glicêmicos tanto em jejum como pós-prandiais, bem como na redução da concentração da hemoglobina glicosilada6.
Os efeitos de redução glicêmica com a glimepirida1 ocorrem principalmente nas primeiras 4 horas após sua administração.
A metformina2 é um agente antidiabético que atua através do aumento da sensibilidade tecidual à insulina7, principalmente no fígado8 (ação hepatosseletiva). Os efeitos benéficos da metformina2 incluem a redução de peso, efeitos favoráveis sobre o perfil lipídico9 e sobre a via fibrinolítica, modulação endotelial e efeito aterostático, além de melhorar a função ovariana em mulheres com resistência à insulina10.
A metformina2 não se associa com hiperinsulinemia11 nem com hipoglicemia12, podendo ser utilizada de forma isolada ou em combinação com outras drogas antidiabéticas secretagogas de insulina7 desempenhando papel extremamente importante no controle do paciente diabético obeso.
Farmacocinética
glimepirida1: Os dados sobre a farmacocinética da glimepirida1 indicam que a mesma apresenta um comportamento farmacocinético linear, sendo completamente absorvida no trato gastrointestinal, obtendo-se uma biodisponibilidade de 100%, sendo esta significativa desde a primeira hora.
A coadministração do fármaco13 com alimentos não produz efeitos importantes em seu comportamento farmacocinético, observando-se somente que a Tmax aumentou levemente (12%) havendo também uma ligeira diminuição de 8 e 9% nos parâmetros Cmax e na AUC14, respectivamente.
Após uma dose única de 4 a 8 mg de glimepirida1, obtiveram-se concentrações máximas (Cmax) médias de 352 ± 222 ng/ml e 591 ± 232 ng/ml respectivamente em Tmax de 2,5 horas.
Para doses múltiplas, repetindo as concentrações de 4 e 8 mg de glimepirida1, administradas durante 10 dias, foram reportados valores de Cmax (determinados no décimo dia) de 309 + 134 ng/ml (com 4 mg) e 578 + 265 ng/ml (com 8 mg) com Tmax de 2,8 horas.
A glimepirida1 liga-se amplamente às proteínas15 (99,5%) e é extensamente metabolizada no fígado8 pela via de oxidação, dando lugar a dois metabólitos16, um hidroxiderivado (ativo) que é um derivado ciclohexil hidroximetil, chamado também M1 e um carboxiderivado (inativo) conhecido também como M2. Estudos pré-clínicos indicaram que o metabólito17 M1 apresentou aproximadamente 30% da atividade farmacológica da glimepirida1 e, posteriormente este metabólito17 é inativado ao ser convertido ao derivado carboxila (M2). A principal via de excreção é a renal18, eliminando-se através da urina19, como metabólitos16 em quantidade próxima a 63% de uma dose administrada. Aproximadamente 40% de uma dose de glimepirida1 é eliminada através das fezes e a grande maioria desta é excretada como metabólitos16, principalmente M2 (até 70% nesta forma), sendo quase nada ou nada excretada na forma inalterada.
A depuração corporal total é de 48 a 53 ml/min. No caso de insuficiência renal20, tem sido observado que a depuração dos dois metabólitos16 de glimepirida1 diminui, sendo tal fator também provavelmente relacionado com a hipoalbuminemia21.
A meia-vida de glimepirida1 como fármaco13 intacto encontra-se no patamar de 5 a 9 horas.
metformina2: A metformina2 é absorvida no intestino e é provavelmente controlada por um mecanismo de saturação, fazendo com que se perca a proporcionalidade da absorção em função da dose. A metformina2 tem uma biodisponibilidade relativa (pósadministração oral) de 50 a 60%.
Os máximos níveis plasmáticos pós-administração oral são alcançados entre 1 a 3 horas. A área sob a curva concentração versus tempo (AUC14) alcançada foi de 10,83 mcg por hr/ml.
Após uma dose oral de 500 mg a cada 12 horas durante 1 dia, em pacientes diabéticos do tipo 2, a máxima concentração plasmática média foi de 3,25 mcg/ml, alcançada em 2,1 horas.
As concentrações plasmáticas máximas obtidas após administração em indivíduos saudáveis mostraram-se similares. Em diabéticos do tipo 2, após a administração oral única de 1 g de metformina2, os níveis plasmáticos máximos foram 3,25 mcg/ml e baixaram para menos de 0,1 mcg/ml nas 24 horas pós-administração. Em doses terapêuticas não se observam significativos aumentos nas concentrações plasmáticas, em pacientes com função renal18 normal.
A metformina2 não é metabolizada no organismo, sendo descrito em alguns estudos um possível e muito escasso metabolismo22 hepático (pré-sistêmico23), não confirmado unanimemente.
A maior parte da dose (90%) absorvida após administração oral de metformina2 é eliminada na forma ativa por via renal18, sendo a secreção tubular seu principal mecanismo de remoção. Com uma menor parte da dose administrada sendo eliminada de forma inalterada com as fezes.
A meia-vida de eliminação após uma dose oral é de 90 minutos a 6,2 horas. Após a administração de dose única de metformina2 de 850 a 2250 mg obteve-se uma meiavida no patamar de 7,1 a 9,5 horas e após a administração do fármaco13 (850 mg) durante 6 dias, a meia-vida foi aumentada para 19,8 horas.