CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS PIOGLIT
Descrição
PIOGLIT pertence à classe dos medicamentos antidiabéticos orais1, agindo de forma a reduzir a resistência à insulina2. PIOGLIT é utilizado no controle do diabetes mellitus3 tipo 2, também chamado de diabetes mellitus3 não insulino-dependente ou de início na vida adulta. Através de análise de estudos farmacológicos, observou-se que o cloridrato de pioglitazona é responsável por melhorar a sensibilidade à insulina4 no músculo e tecido adiposo5 e inibir a gliconeogênese6 no fígado7. PIOGLIT é também responsável por melhorar o controle da glicemia8 concomitantemente com a diminuição da taxa de insulina4 circulante.
O fármaco9 cloridrato de pioglitazona (cloridrato de (+)-5-[[4-[2-(5-etil-2-piridinil) etoxi]fenil]metil]-2,4-tiazolidinediona) faz parte de uma classe química diferente das sulfoniluréias10, metformina11 ou dos inibidores da alfa-glicosidase, apresentando uma ação farmacológica diferente. A molécula possui um carbono assimétrico e o composto é sintetizado e empregado na forma da mistura racêmica12. A pioglitazona possui dois enantiômeros que se interconvertem in vivo. Não foram observadas diferenças na atividade farmacológica dos dois enantiômeros.
Propriedades farmacodinâmicas
PIOGLIT é um medicamento antidiabético pertencente ao grupo das tiazolidinedionas, que é dependente da presença de insulina4 para exercer seu mecanismo de ação. A pioglitazona é responsável pela redução da resistência à insulina2 periférica e hepática13, o que resulta na elevação da disponibilidade insulino-dependente de glicose14 e redução da liberação da glicose14 hepática13. A pioglitazona não provoca a secreção de insulina4 assim como fazem as sulfoniluréias10. A pioglitazona é considerada um agonista15 potente e altamente seletivo do receptor gama ativado pelo proliferador de peroxissomo (PPARγ). Em tecidos importantes para a ação da insulina4, como por exemplo o tecido adiposo5, muscular esquelético e fígado7, podem ser encontrados os receptores PPAR. Quando os receptores nucleares PPARγ são ativados, ocorre a modulação da transcrição de diversos genes responsivos à insulina4 envolvidos no controle de metabolismo16 da glicose14 e dos lipídeos.
A hiperglicemia17, hiperinsulinemia18 e hipertrigliceridemia, características da resistência insulínica em um caso de diabetes19 tipo II, foram reduzidas pela pioglitazona em modelos animais de diabetes19. Em diversos modelos animais de resistência insulínica, podem ser observados uma elevação da resposta dos tecidos dependentes de insulina4 provocada pelas alterações metabólicas causadas pela pioglitazona.
Considerando que a pioglitazona é responsável pelo aumento do efeito da insulina4 circulante (redução da resistência insulínica), ela não provoca a redução da glicose sanguínea20 em modelos animais que apresentam falta de insulina4 endógena.
Foi observado através de estudos clínicos que o cloridrato de pioglitazona é responsável por melhorar a sensibilidade insulínica em pacientes que possuem resistência insulínica. O cloridrato de pioglitazona provoca um aumento da resposta da célula21 à insulina4 e da disponibilidade da glicose14 dependente de insulina4, é responsável também por melhorar a sensibilidade do fígado7 à insulina4 e a homeostase disfuncional22 da glicose14.
O cloridrato de pioglitazona diminui a resistência insulínica em pacientes com diabetes tipo 223, provocando concentrações menores de glicose14 no sangue24, níveis de insulina4 menores no plasma25 e valores menores de hemoglobina26 A1c27 (HbA1c28).
De acordo com os dados obtidos em um estudo, os efeitos hipoglicemiantes29 de cloridrato de pioglitazona parecem permanecer por no mínimo um ano. Quando cloridrato de pioglitazona foi associado com sulfoniluréia, metformina11 ou insulina4 em estudos clínicos controlados observou-se um efeito aditivo no controle da glicemia8.
Nos estudos clínicos realizados com cloridrato de pioglitazona foram considerados pacientes que apresentavam disfunções lipídicas. Normalmente, os pacientes que recebem cloridrato de pioglitazona mostram uma redução dos níveis de triglicérides30, aumento do colesterol31-HDL32 e nenhuma modificação relevante nos níveis de colesterol31-LDL33 e total. Foi observado em um estudo controlado com placebo34, de duração de 26 semanas com doses escalonadas, que a média do índice de triglicérides30 diminuiu nos grupos em que foram administrados cloridrato de pioglitazona, 15 mg, 30 mg e 45 mg quando comparados a uma elevação média no grupo tratado com placebo34. Nos pacientes que receberam cloridrato de pioglitazona, foi observado um aumento em maior extensão nos valores médios de HDL32 quando comparado com os pacientes que receberam placebo34. Em relação ao nível de LDL33 ou colesterol31 total, não foram observadas diferenças relevantes nos pacientes que receberam cloridrato de pioglitazona quando comparado aos pacientes que receberam placebo34.
Os resultados obtidos em outros dois estudos de monoterapia (24 e 16 semanas de duração) e em estudos de terapia associada com sulfoniluréia (24 e 16 semanas de duração) e metformina11 (24 e 16 semanas de duração) foram consistentes com os resultados já obtidos anteriormente. Para os pacientes que receberam cloridrato de pioglitazona, as alterações médias placebo34-corrigidas a partir da linha basal reduziram em 5% a 26% os triglicerídeos e aumentaram de 6% a 13% o colesterol31 total. Em estudos de terapia associada de pioglitazona com sulfoniluréia ou metformina11, de 24 semanas de duração, foram observados resultados semelhantes. A alteração percentual média placebo34-corrigida a partir da linha basal para os níveis de triglicerídeos nos pacientes que receberam pioglitazona em um estudo de terapia associada com insulina4 (de 16 semanas de duração) também sofreu uma diminuição.
Nos pacientes que foram tratados com cloridrato de pioglitazona 15 mg, foi constatada uma alteração média placebo34-corrigida a partir da linha basal de 7% no nível de LDL33-colesterol31.
Resultados semelhantes aos descritos acima foram constatados para os níveis de HDL32 e colesterol31 total assim como em estudos de 24 semanas de duração de terapia associada de pioglitazona com insulina4.
Propriedade farmacocinéticas
Após uma dose diária, as concentrações de pioglitazona total (pioglitazona e metabólitos35 ativos) no sangue24 continuam altas por 24 horas. Após um período de 7 dias, as concentrações de pioglitazona e pioglitazona total no sangue24 alcançam um estado de equilíbrio. Os metabólitos35 III (M-III) e IV (M-IV) (dois dos metabólitos35 farmacologicamente ativos da pioglitazona) atingem concentrações no sangue24 iguais ou maiores do que as da pioglitazona quando estão no estado de equilíbrio. Em voluntários saudáveis assim como em pacientes que possuem diabetes tipo 223, a pioglitazona corresponde cerca de 30% a 50% do pico da concentração da pioglitazona total no sangue24 e 20% a 25% da área total sob a curva de concentração sérica versus tempo (AUC36). A concentração máxima no sangue24 (Cmax), AUC36 e a concentração mínima no sangue24 (Cmin) de pioglitazona e pioglitazona total sofrem um aumento proporcional nas doses de 15 mg e 30 mg diariamente. Com uma dose de 60 mg diariamente, ocorre um aumento proporcionalmente menor para pioglitazona e pioglitazona total.
Absorção: após a administração por via oral, em jejum, a pioglitazona é primeiramente medida no soro37 dentro de 30 minutos e apresenta um pico de concentração após 2 horas. A alimentação é responsável por atrasar ligeiramente o tempo do pico da concentração no sangue24 para 3 a 4 horas, porém a extensão da absorção não sofre alteração.
Distribuição: após a administração de uma única dose, a média do volume aparente de distribuição da pioglitazona é de 0,63 ± 0,41 l/kg de peso corpóreo (média ± desvio padrão). A pioglitazona possuiu uma alta ligação às proteínas38 do soro37 humano (>99%), principalmente à albumina39 sérica e uma afinidade não tão forte as outras proteínas38.
Os metabólitos35 M-III e M-IV também possuem uma alta ligação à albumina39 sérica (>98%).
Metabolismo16: a pioglitazona sofre uma extensa metabolização por hidroxilação e oxidação. Os metabólitos35 são convertidos parcialmente em glicuronídeos ou conjugados sulfatados. Em modelos animais que apresentam diabetes tipo 223, os metabólitos35 M-II e M-IV (hidroxiderivados da pioglitazona) e M-III (cetoderivado da pioglitazona) são farmacologicamente ativos. Após múltiplas doses, podem ser encontrados no soro37 humano os principais metabólitos35 derivados da pioglitazona M-III e M-IV, além da própria pioglitazona. Em voluntários saudáveis assim como em pacientes com diabetes tipo 223, a pioglitazona corresponde a cerca de 30% a 50% do pico total da concentração no sangue24 e 20% a 25% da AUC36 total, no estado de equilíbrio. Quando a pioglitazona é incubada com citocromo P-450 humano ou microssomas de fígado7 humano ocorre a formação de M-IV e, em um nível muito menor, de M-II. As CYP2C8 e CYP3A4 são as mais importantes isoformas do citocromo P-450 envolvidas no metabolismo16 hepático da pioglitazona, entretanto, outras isoformas, considerando principalmente a extra-hepática13 CYP1A1, também exercem sua contribuição.
O cetoconazol foi responsável por inibir até 85% do metabolismo16 da pioglitazona no fígado7 in vitro a uma concentração equimolar a da pioglitazona. Quando foi incubada com P-450 de microssomas do fígado7 humano, a pioglitazona não impediu a atividade do citocromo P-450. Foram realizados estudos in vivo da pioglitazona em associação com inibidores e substratos da P-450 (ver item Interações medicamentosas). A razão entre 6β-hidroxicortisol/cortisol em urina40 foi medida em pacientes que receberam cloridrato de pioglitazona e foi observado que a pioglitazona não é um forte indutor da enzima41 CYP3A4.
Excreção e eliminação: cerca de 15 a 30% da dose de cloridrato de pioglitazona é recuperada na urina40 após a ingestão oral. A principal forma de excreção da pioglitazona é na forma de metabólitos35 e seus conjugados, sendo a eliminação renal42 considerada irrelevante. Considera-se que grande parte da dose ingerida seja excretada na bile43, sob a forma inalterada ou de metabólitos35, e eliminada nas fezes. O tempo de meia-vida sérica média da pioglitazona é de 3 a 7 horas, enquanto o da pioglitazona total varia de 16 a 24 horas. A depuração aparente calculada da pioglitazona é de 5 a 7 l/h.